Pelo menos 20 startups serão contempladas no Inova 3, parceria entre a Bossanova Investimentos, a operadora de telecomunicações Unifique, Sebrae Nacional e Santa Catarina por meio da plataforma Sebrae Startups e o hub de inovação Raja Ventures. Sete meses de mentorias, encontros presenciais e até R$680 mil serão investidos por negócio. As inscrições estão abertas e vão até o dia 29 de outubro através do link. A divulgação dos selecionados do Inova 3 ocorrerá em novembro.

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O 2º dia do Startup Summit 2023 ganhou anúncios positivos para o ramo de empreendedorismo e modelos de negócio com soluções em tecnologia. Alexandre Souza, gerente do Startup SC e idealizador do evento, realizado este ano em Florianópolis (SC), conversou com a IstoÉ Dinheiro sobre dicas para empreendedores desde a ideação até a tração (veja aqui o conceito de fases de criação de startups), estágio de maturidade de uma startup. 

Para começar, ele enfatiza que correr atrás de investimento no momento do pré-seed é “cilada”. “Ao ter uma ideia, vou conseguir um investidor? Não, não funciona dessa forma. A primeira dica é tirar isso da cabeça. Para buscar investimento, já é preciso ter um produto validado, ter o MVP (produto minimamente viável) rodando com alguns testes, e procurar investidor para conseguir escalar os próximos passos”, explica Souza.  

Alexandre Souza, gerente do Sebrae SC e idealizador do evento Startup Summit em SC (Crédito:Jonny Lindner / Startup Summit)

Ainda antes da validação, é preciso atenção à máxima da criação do negócio. “O foco não é na ideia, e sim no problema. É preciso conhecer um problema para resolvê-lo com tecnologia. Quando se fala de startup, estamos falando de produto com potencial de crescimento escalar. Então, identificar uma dor que ele tenha tecnologia para resolver e escalar para crescer o produto, aí sim ser considerado uma startup”, defende o gerente do Sebrae SC. 

Antes de colocar a ideia em prática, é preciso validar: conversar com pessoas para identificar as dores e, aí sim, pensar na solução. Problemas reais é o que você precisa identificar. 

Na programação, a AWS, plataforma de serviços de computação em nuvem da Amazon, lançou a ação “Startups na Nuvem”, acordo que tem como objetivo diminuir o gap de talentos em nuvem na América Latina e desenvolver o ecossistema por meio de treinamentos massivos em tecnologia. O conceito de programas para acesso em qualquer lugar também foi dica do Sebrae, não apenas pela praticidade, mas também pensando em custos. 

“Com a estrutura de nuvem você consegue comprar servidores sem que esse investimento seja altíssimo, conseguindo crescer e escalar o produto para mais pessoas. Posso ter 100 usuários e, em 2 meses, 10 mil. Grande parte das startups são de base tecnológica, usando estrutura em cloud, app ou sites”, salienta Souza. 

Investimento demora

No momento de tração e plena operação da startup, chega a hora do ‘preciso arrumar dinheiro’. “Contratar mais pessoas, achar canais de vendas, oportunidades no mercado, é aí que você começa a ter necessidade de investimento. É preciso saber para quê você vai usar, definir o objetivo. E é preciso avaliar o momento da necessidade do dinheiro com antecedência, algo em torno de seis meses antes”. 

“É um trabalho que demora, não é do nada que um investidor vem para assinar um cheque. Se quero investimento daqui sete meses, por exemplo, agora preciso identificar potenciais investidores para o nicho de negócios que tenho”. 

Entre os perigos que acontecem, conta Souza, “ pode-se achar investidores que exigem maior fatia de capital, além de impedir que a startup levante capital mais para frente”.

“Estude o mercado, identifique quais são os investidores que tem como tese aquele tipo de negócio e a dor que seu produto resolve. Faça o trabalho de se comunicar com esses investidores com muita antecedência”, aconselha. 

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“Se você tem um bom time, um modelo escalável e rentável, em busca de rentabilidade, você provavelmente vai conseguir ter sucesso”. Assim define Caroline Riley, VC and Startup Business Development da AWS, plataforma de serviços de computação em nuvem da multinacional de tecnologia, sobre o segredo de sucesso do modelo de negócios. 

No palco ‘Evolução e futuro das startups – como construir e investir para o sucesso’ da Startup Summit 2023, ela lista estratégias ao lado de Romero Rodrigues, fundador do Buscapé e Managing Partner da capital venture Headline. O empresário avaliou o cenário macroeconômico do Brasil como adverso, levando o valuation de cada empresa de tecnologia impactado por movimentos de inflação e juros, hoje ainda altos no país. Porém, há possibilidades.

Karina Lima (AWS) e Romero Rodrigues (Buscapé / Headline), no palco sobre criação de startups no #StartupSummit (Crédito:Fabrício de Almeida / Startup Summit 2023)
Fabrício de Almeida / Startup Summit 2023

“O que as startups entregam é futuro. É um momento do ciclo onde se vê muita dificuldade para captar, a mortalidade de startups pode aumentar em alguns estágios, mas em geral é o melhor momento do ciclo para se empreender e se investir. Quando paramos para comparar 2023 e 2021, o empreendedor nesse momento enfrenta menos competição. Pode ter mais tempo para conhecer as dores do cliente ideal e trabalhar soluções”, explica. 

“Em 2021, o empreendedor muito bom de papo ganhava de quem era bom de operar, pois ele captava tanto dinheiro que no mínimo ele desertificava a tese. Esse empreendedor costumava escalar perdas, e muitas dessas empresas estão na situação agora de voltar para a prancheta e encontrar modelos de negócio. O outro tipo de empreendedor que vemos mais hoje em dia, e fui assim no Buscapé, é o que sabe operar: é eficiente em capital, entende que tem que focar em uma coisa de cada vez. São empreendedores que sabem operar que criam empresas duradouras”, recomenda Rodrigues. 

Caroline também faz a comparação entre o momento de startups para Empreendedores mais tradicionais de venture capital. “As exigências mudaram, a barra para levantar uma rodada de capital era mais flexível, até baixa. Hoje, se passa por uma diligência longa. As startups precisam se preparar para ter capital em caixa para sobreviver ao longo desse período, começar relacionamentos muito antes com possíveis investidores, já que estes querem encontrar fundadores em que confiem, apresentam planos e sonhos, mas que executem com eficiência. A regra é entregar resultados”, completa.  

Já no palco ‘Desafiando gigantes’, André Street e Bernardo Carneiro, fundadores da Stone, a conhecida empresa de maquininhas de cartão, contam como desafiaram o jogo empresarial no – chamado por eles – duplo monopólio das conhecidas MasterCard e Visa há dez anos atrás.

“Não medir força é a primeira dica. Fizemos de tudo pensando em tecnologia, com times espalhados em todas as áreas, para automatizar processos ineficientes para ser mais competitivos em preços. Depois, vamos à questão do atendimento: ao perguntar aos varejistas, vimos insatisfação grande, além de considerarem o serviço caro; assim vimos uma premissa: o melhor em prestação de serviços. O terceiro ponto foi o modelo de distribuição: quis criar modelos de polos, de ir e se estabelecer fisicamente nas cidades indo até o cliente, mostrando quem era o importante na relação, e ali criar confiança”, conta Carneiro, exemplificando o nascimento da fintech, criada em 2012.

“Qualquer setor que tiver monopólio onde só tem um participante para falar com milhares de clientes, o serviço não vai ser bom e o preço será alto”, alerta Street sobre o momento que deve ser aproveitado por empreendedores.