13/02/2025 - 17:16
O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello, afirmou nesta quinta-feira, 13, que é muito cedo para incorporar nos cenários macroeconômicos da pasta os impactos da nova política comercial dos Estados Unidos, que vêm implementando novas tarifas de importação.
“Ainda leva tempo para ter mais clareza sobre esse cenário, hoje é muito difícil apontar possíveis impactos”, disse. “Do que foi anunciado, você pode ter algum impacto setorial, mas impacto macro é mais difícil.”
Segundo o secretário, a pasta acompanhará os desdobramentos dos anúncios do presidente Donald Trump e vai incorporar possíveis impactos em suas projeções caso necessário.
Real mais valorizado e desaceleração da economia
Segundo o secretario, uma eventual persistência do cenário recente de valorização do real poderá reduzir a inflação com mais intensidade do que o previsto atualmente.
Em entrevista à imprensa, Mello também afirmou que a desaceleração do Produto Interno Bruto (PIB) previsto para este ano coloca a atividade em nível “mais próximo do que consideramos o potencial não inflacionário do país”.
“É um arrefecimento (do PIB), mas ainda em um patamar que mantém um dinamismo da economia brasileira compatível com o esforço de trazer a nossa inflação de volta para mais perto da meta ao longo do tempo”, disse.
Revisão das projeções para PIB e inflação
O Ministério da Fazenda projetou nesta quinta que o PIB de 2025 crescerá 2,3%, contra previsão anterior de 2,5%, refletindo, segundo a pasta, o ciclo contracionista das políticas fiscal e monetária. Para 2024, a projeção é de crescimento de 3,5% — o dado oficial será divulgado em março pelo IBGE.
Em sua revisão de projeções, o ministério estimou que a inflação medida pelo IPCA fechará 2025 em 4,8%, acima do teto da meta do Banco Central de 4,5% e ante previsão anterior, divulgada em novembro, de 3,6%.
Para Mello, a composição do crescimento deste ano, que deve ser impulsionado por uma safra mais forte do agronegócio, é mais benigna para o cenário inflacionário.
O secretário ainda afirmou que uma perspectiva de maior produção global de petróleo é outro fator que poderá colaborar com o controle da inflação, ao impactar positivamente preços de combustível.
Ele acrescentou que o governo observa o patamar do câmbio e seus reflexos sobre preços.
“Caso esse câmbio mais valorizado persista, obviamente, isso terá impactos no nosso cenário inflacionário, impactos de redução desse quadro”, disse.
Após fechar 2024 próximo a R$6,20, o dólar perdeu tração frente ao real no início deste ano, acompanhando movimento global. A moeda norte-americana operava em R$5,78 no meio da tarde desta quinta-feira.