O governo está de olho na sede expansionista da Ambev. Na última semana, a Secretaria Especial de Acompanhamento Econômico, ligada ao Ministério da Fazenda, recomendou à companhia que venda seu isotônico Marathon. Esta seria a condição imposta para que a gigante brasileira de bebidas possa manter em seu portfólio a produção do Gatorade ? o isotônico mais vendido do planeta, produzido em parceria com a Pepsi. Em um minucioso parecer, de 61 páginas, os técnicos do governo argumentam que, ao assumir o Gatorade em 2001, a Ambev passou a deter posição dominante neste segmento. Tem nada menos de 94,25% em um mercado que movimenta R$ 130 milhões por ano. Agora, cabe ao Conselho Administrativo de Direito Econômico bater o martelo. Procurada pela DINHEIRO, a direção da Ambev não quis comentar a medida, alegando não ter sido informada oficialmente da decisão. ?É claro que o ideal seria manter as duas marcas. Mas com o Gatorade, a empresa ainda terá uma fatia expressiva no setor?, diz Daniel Pasquali, analista da Fator Dória Atherino. Mais de 76% do mercado, segundo a AC Nielsen.

O Marathon, lançado em 1996, ainda nem foi posto à venda. Mas já desperta a cobiça. As vendas desta bebida, que tem 17,42% do mercado, garantem uma receita de R$ 20 milhões. ?É ideal para empresas interessadas em compor ou ampliar o mix de produtos?, avalia Pasquali. No mercado, as apostas sobre os possíveis compradores do Marathon recaem sobre a canadense Molson (dona da Kaiser), a Danone ou a Nestlé. Esta última já disputa este segmento com o Bliss Sport, que tem 0,1% do mercado. O analista Basílio Ramalho, da Corretora Unibanco, destaca que a perda do Marathon terá um efeito reduzido sobre as receitas da Ambev, que somaram R$ 3,2 bilhões no primeiro semestre. ?O forte da empresa continua sendo as cervejas.?