26/07/2006 - 7:00

Samy Hazan, da Marítima: Indenizações maiores são possíveis com a abertura parcial do resseguro
Se você ainda não foi abordado por representantes de seguradoras internacionais para fazer um seguro de vida no Exterior, prepare-se. Eles estão nos lugares mais inesperados, como clubes, festas ou academias, oferecendo produtos com características bastante atrativas. Entre elas, indenizações milionárias, resgatáveis em vida, com valor indexado ao dólar e prazos que podem ultrapassar 60 anos. Essa ofensiva estrangeira começa a provocar reações das companhias instaladas no Brasil. Quase ao mesmo tempo, as seguradoras Marítima e Icatu Hartford estão colocando no mercado apólices específicas para atrair os brasileiros endinheirados que contratam seguros de vida lá fora. Basicamente, as seguradoras Marítima e Icatu Hartford estão colocando no mercado apólices sob medida para atrair os brasileiros endinheirados que muitas vezes contratam seguros de vida lá fora. Basicamente, passaram a oferecer indenizações com valores bem superiores aos normalmente disponíveis nos seguros de vida brasileiros ? com a vantagem de poupar o segurado do embaraço de driblar as leis locais para a remessa de divisas ao Exterior.
O seguro Risco Preferencial, da Marítima, permite apólices de até R$ 15 milhões. O Unique Life, da Icatu, vai até R$ 10 milhões. ?A elevação do valor das indenizações foi possível depois da abertura parcial do mercado de resseguros (uma espécie de seguro do seguro, fundamental para cobrir grandes riscos)?, explica Samy Hazan, superintendente da área de Vida da Marítima. Além da apólice milionária, os novos seguros oferecem descontos a partir do histórico de saúde do futuro segurado, algo inexistente nos produtos convencionais.

Não obstante o esforço das seguradoras nacionais em reter sua clientela no País, uma legião de brasileiros bons de bolso se encanta com os apelos dos produtos estrangeiros. Estima-se hoje que cerca de US$ 15 bilhões sejam remetidos anualmente ao Exterior para o pagamento de apólices. Entre as justificativas apresentadas por quem contrata o produto lá fora estão o medo de uma desvalorização do real e a solidez das companhias internacionais. Há também a vantagem do custo. Se no Brasil cerca de 30% da população tem seguro de vida, nos Estados Unidos, esse percentual sobe para mais de 80%. Isso garante às seguradoras americanas uma receita maior e permite a oferta de apólices mais em conta. Outro ponto positivo é a possibilidade de resgatar a indenização ainda em vida.
Por outro lado, quem faz um seguro no Exterior corre riscos. A legislação brasileira não permite esse tipo de operação. Pelo menos não diretamente. A alternativa para não ficar fora da lei é abrir uma conta em outro país para contratar o produto. Nesse caso, o pagamento pode ser feito por meio de débito automático. Outro aspecto negativo é a falta de cobertura no Brasil para seguros estrangeiros, uma vez que a legislação também não permite a venda desses produtos no mercado nacional. Se tem problemas com a companhia contratada, o segurado precisa negociar com intermediários ou gastar com viagens e ligações internacionais.
As restrições legais não intimidam a atuação das seguradoras estrangeiras no Brasil. A americana National Western Life, por exemplo, mantém em seu site uma versão em português da apresentação da companhia e dos lugares onde oferece seus produtos. Reconhece que, embora não esteja licenciada na América Central e na América do Sul, oferece e emite apólices para residentes de países dessas regiões. Outras seguradoras mantêm parcerias com corretoras nacionais, que se comprometem a orientar juridicamente o cliente que não tem conta no Exterior e ainda a intermediar o pagamento de suas contribuições. Para quem necessita desse tipo de ?assessoria?, as vantagens de contratar um seguro de vida estrangeiro talvez não compensem os riscos embutidos na operação. ?Fazer um seguro de vida lá fora só vale a pena para quem tem residência e investimentos no Exterior, não necessitando recorrer à movimentação de recursos ilegais?, diz Bernardo Mascarenhas, diretor do Canal Unique do Icatu Hartford. ![]()