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Na veterinária: Patrícia (à dir.) contratou plano de saúde para o cão Petrus e a gata Bianca

 

Quanto vale um animal de estimação? Essa discussão entrou na pauta das seguradoras dos Estados Unidos depois que centenas de cães e gatos morreram, em março e abril passados, após ingerir ração contaminada por melamina, uma substância química usada em pesticidas e plásticos. A tragédia, causada por insumos importados da China, está sendo investigada pela agência federal Food & Drug Administration (FDA). Centenas de marcas de ração animal foram recolhidas das prateleiras pelos fabricantes, que agora enfrentam ações judiciais e a desconfiança dos consumidores. No Brasil, a Royal Canin publicou anúncios para dizer que não utiliza matéria-prima chinesa nos produtos vendidos por aqui. Não é uma questão trivial: os americanos têm mais de 150 milhões de pets e gastam fortunas para mantê-los. Em 2006, torraram US$ 39 bilhões em alimentos, idas ao veterinário, suprimentos, planos de saúde e outros serviços.

O drama das mortes recentes pode afetar os preços dos seguros com coberturas específicas para animais, caso a Justiça aceite a tese de que as vítimas não são apenas cães e gatos – são membros da família. Portanto, valem muito mais do que pesam. Sua perda causa grande estresse emocional e deveria ser regiamente compensada. As indenizações, argumentam os advogados, precisam ir muito além das despesas com a compra dos bichinhos e os gastos com veterinário, cujo reembolso é previsto na legislação dos Estados. O problema, agora, é definir o valor de uma vida animal diante de seu novo status social.

 

US$ 39 bilhões: é quanto os americanos gastam por ano com seus bichos de estimação

 

No ano passado, em Washington, o dono de um gato chamado Milton ganhou US$ 50 mil depois que o cachorro do vizinho o matou. E ainda levou mais US$ 25 mil de indenização pelo abalo emocional.Geralmente, as indenizações milionárias acabam sendo derrubadas nas apelações para a casa dos US$ 500, suficientes para a reposição do animal, além do ressarcimento das despesas com treinamento e advogados. Se convencerem os juízes a mudar a maneira de enxergar o assunto, os consumidores podem ter de pagar mais nas apólices de saúde. Temese que os veterinários exigirão mais exames e cobrarão mais para precaver- se de processos em caso de morte do paciente. “Os veterinários agirão como os médicos dos humanos”, supõe Jon Katz, autor do livro “A good dog”.

Os planos de saúde para cães e gatos são comuns nos países ricos. São essenciais para cobrir despesas elevadas em casos de tratamentos prolongados e caros, como os de câncer. No Brasil, os donos que se recusam a optar pela saída mais barata – o sacrifício do bichinho doente – já podem precaver- se de contas astronômicas. Existem planos de saúde específicos e apólices de seguro residencial e de responsabilidade civil que cobrem as despesas ou parte delas. A pioneira Mister Saúde Animal possui quatro tipos diferentes de planos. O mais simples cobre consultas, medicamentos usados em consultas e atendimento de urgência. Custa R$ 29 ao mês por cachorro ou gato de qualquer idade ou raça. O mais caro custa R$ 81 mensais e cobre 100% dos custos de internação hospitalar, odontologia e exames de alta complexidade, transfusões, UTI móvel e próteses. A empresa, que atua somente na Grande São Paulo, possui hoje mais de 21 mil animais segurados. Já a Animal Attention possui veterinários e clínicas credenciadas em todo o País, planos mais detalhados e prêmios mais altos. No plano superior, que inclui atendimento noturno, odontologia, obstetrícia e ortopedia, o dono de um animal pequeno chega a pagar R$ 235 ao mês.

 

Seguradoras brasileiras perceberam o filão dos pets e adicionaram coberturas nos contratos residenciais

 

A paulista Patrícia Morosini, 33 anos, só percebeu a importância de um plano para seu golden retriever – que responde pelo nome de Petrus – quando teve que desembolsar R$ 2.000 em uma cirurgia simples para corrigir um pequeno problema no ombro do cãozinho. “Depois disso, fui correndo atrás de um plano de saúde”, conta Patrícia, que optou pelo plano executivo da Mister. Além de Petrus, decidiu incluir seus outros três animais no seguro: o border collier Ayla e as gatas Bianca e Sophia. Gasta R$ 49 por mês por animal. “É um gasto que compensa.”

Os clientes da Porto Seguro que adquirem o plano residencial têm direito a três consultas veterinárias, 10% de desconto em exames e cirurgias, e 25% em banho e tosa dos seus animais. Os descontos só são válidos em clínicas e pet shops credenciados. A Porto também incluiu os animais nas cláusulas do seguro de responsabilidade civil. “Se o cachorro do segurado fere o cão do vizinho ou causa algum dano em propriedade alheia, o seguro cobre”, explica Eduardo Marcelino, gerente de produto da seguradora. No caso da Itaú Seguros, os bichinhos foram lembrados na apólice residencial. Se houver incêndio, têm direito a estadia em hotéis para animais. Afinal, os pets brasileiros também são membros da família.