As seguradoras que atuam no País sempre tiveram de driblar um aspecto singular da cultura nacional: a difi-
culdade do brasileiro de falar sobre a morte. Nos últimos anos, no entanto, desde que o mercado de previdência ganhou fôlego, as seguradoras viram suas receitas minguar. A saída encontrada foi investir nos chamados seguros resgatáveis, mais fáceis de serem vendidos porque prometem devolver parte do valor aplicado se o cliente sobreviver após um prazo determinado. A estratégia deu certo e a nova modalidade já faz sucesso. Na MetLife, 40% dos clientes já são titulares de planos como esse. Contratada por períodos fixos, a apólice resgatável é uma espécie de seguro de vida amarrado a um ativo capitalizado durante a vigência do plano. Como funciona: parte do prêmio pago é direcionada para cobertura do risco de morte e invalidez e outra parte é mantida em algum tipo de aplicação financeira.

Uma das vantagens é a possibilidade que o investidor tem de planejar melhor suas finanças no longo prazo, já que o valor das parcelas é fixo, não se altera à medida que o titular da apólice envelhece. Os planos resgatáveis também permitem ao segurado determinar a divisão exata do dinheiro entre os beneficiários. Foi por esse motivo que o publicitário William Etchebehere, pai de três filhos, decidiu adquirir uma apólice resgatável da MetLife. Pela divisão do pai, William, de 20 anos, receberá 30% do seu capital; Bruno, de 16 anos, outros 30%; e Luís Guilherme, de 4 anos, ganhará 40%. ?O mais novo ainda estará em idade escolar quando eu estiver mais velho, por isso merece ganhar mais?, defende. Na apólice do publicitário, o contratante também define, na hora da compra, qual o percentual que deseja receber de volta no fim do período. O valor é corrigido pela inflação. Outros planos oferecem rentabilidade mínima e repasse de excedente, como a apólice Futuro Seguro, da Mapfrei. Nela, além da correção monetária, são acrescidos juros de 4% ao mês mais repasse de até 90% do excedente da correção.

O plano resgatável pode ser adquirido por pessoas que já têm o seguro de vida tradicional ou um plano de previdência. A conveniência de contratar um deles depende dos objetivos do investidor. ?Indivíduos em idade economicamente ativa precisam mais de uma cobertura imediata para imprevistos e menos de uma grande reserva na previdência privada?, recomenda Marcos Ferreira, da Mapfrei. ?A equação, no entanto, será invertida com o passar do tempo.? Na hora de decidir, é bom saber que há, também, aspectos desvantajosos nos resgatáveis. Nos planos mais antigos, anteriores a 2002, não há obrigação por parte das seguradoras de informar aos clientes onde o dinheiro do prêmio está sendo aplicado. Nos planos mais novos, a Superintendência de Seguros Privados exige que o capital vá para um fundo de investimento exclusivo com dados acessíveis.

19 planos que devolvem parte do prêmio estão à venda no País

R$ 300 é o tíquete médio dos titulares desse tipo de apólice