28/02/2012 - 21:00
Mal anunciou a emissão de R$ 2,7 bilhões em debêntures, a BNDESPar fisgou o empresário e educador financeiro pernambucano Rafael Seabra. Ele é um entusiasta das debêntures, papéis de renda fixa emitidos por empresas. Cerca de 5% de seu capital está investido nesses títulos e ele vai aproveitar o lançamento da empresa de participações do BNDES para aumentar esse percentual para 8%. “O risco é baixo e os juros são bons”, diz ele. Assim como Seabra, milhares de investidores devem se valer da emissão do banco, pois o investimento inicial foi reduzido a apenas R$ 1 mil.
Caminhão de dinheiro: presidida por Luciano Coutinho, a BNDESPar quer arrecadar
R$ 2, 7 bilhões com a venda das debêntures.
Com a emissão, que deve se encerrar no dia 30 de março, a empresa ligada ao banco estatal levantará recursos para continuar financiando seus clientes. A BNDESPar não é a primeira empresa a mirar o pequeno investidor. Neste ano, companhias como Dibens Leasing, Cemig, Brasil Telecom e BR Malls emitiram papéis cujo preço unitário oscilou entre R$ 10 e R$ 10 mil. A construtora MRV, por sua vez, já anunciou que pretende emitir dívida com valor de compra de R$ 1 mil. “Essas emissões garantem mais liquidez aos papéis e impulsionam o mercado secundário”, diz Wilson Nakamura, professor de finanças do Mackenzie. A rentabilidade das debêntures costuma superar a das aplicações de renda fixa tradicionais, pois as empresas prometem pagar os juros do CDI, acrescidos de um prêmio (leia quadro).
A remuneração das debêntures da BNDESPar, que vencem em 2019, ainda não está definida, mas a empresa informou que os papéis serão de três tipos. Um pagará juros prefixados, outro terá taxas pós-fixadas e um terceiro será corrigido pela inflação medida pelo IPCA. O limite será de 500 papéis por CPF. Segundo Nakamura, essa remuneração apetitosa tem uma desvantagem. O mercado de debêntures ainda é muito concentrado em grandes investidores. Dos R$ 428 bilhões desses papéis em circulação, apenas 0,18% pertence às pessoas físicas. Ou seja, a melhor estratégia para investir é comprar o papel e só contar com o dinheiro de volta no vencimento. “Se precisar resgatar o dinheiro antes, o investidor poderá ter de pagar um desconto elevado, o que reduz as vantagens da aplicação”, diz Nakamura.