10/09/2023 - 11:29
Time de Hansi Flick amarga segunda derrota seguida para japoneses. Dessa vez, diante da própria torcida e por um humilhante 4 a 1. Técnico pode estar com dias contados no posto, meses antes da Eurocopa na Alemanha.O técnico Hansi Flick entrava com feição completamente arrasada em direção ao vestiário do estádio Volkswagen Arena em Wolfsburg em meio à vaia da torcida. Nas arquibancadas, o diretor esportivo da Federação Alemã de Futebol (DFB), Rudi Völler, o presidente da entidade, Bernd Neuendorf, e seu vice, Hans-Joachim Watzke, se entreolhavam em estado de choque. Depois do desastre da goleada de 4 a 1 sofrida contra o Japão, os dias do treinador no comando da seleção alemã parecem estar contados.
Em vez da esperada “arrancada rumo à Eurocopa” — a ser sediada pela Alemanha no ano que vem —, outro colapso. Pela primeira vez em 38 anos, a equipe alemã perdeu três jogos consecutivos. Foi a derrota em casa mais pesada desde 2001, quando a seleção alemã perdeu por 5 a 1 para a Inglaterra. “Atualmente não temos meios para superar uma defesa tão compacta. Simplesmente não foi suficiente”, admitiu Flick no microfone da emissora RTL.
Na verdade, a esperança era de que tudo mudasse para melhor sob a liderança de Flick. Mesmo antes do amistoso os japoneses, ele anunciara que pretendia introduzir uma nova “filosofia de sistema”, afirmando que houvera uma aprendizado a partir dos erros dos jogos passados e agora viria finalmente a tão desejada reviravolta.
“Queremos ver a equipe ativa, manter a intensidade elevada e, finalmente, recuperar confiança”, disse o técnico de 58 anos. Ele se mostrou confiante e de bom humor nos dias que antecederam a partida contra o Japão. Pouco antes do início do jogo, tirou fotos e atendeu a um ou outro pedido de selfie dos torcedores.
Nova dupla de líderes com Kimmich e Gündogan
Naquela que pode ter sido a última tentativa de Flick de reanimar a seleção alemã, ele contou com um novo capitão. A partir de agora, Ilkay Gündogan vai comandar a equipe e ditar o ritmo no meio-campo. Além disso, Joshua Kimmich foi deslocado para a posição de lateral direito, o que o técnico não quer de forma alguma que seja entendido como um “rebaixamento”. Kimmich, que já havia atuado nesta posição no Bayern sob o comando de Flick, deverá usar suas habilidades defensivas durante a mudança e resolver os problemas do lado direito da defesa.
A dupla deve se tornar o coração da “nova” equipe alemã. “É uma boa ideia”, analisou o ex-jogador Lothar Matthäus na RTL, mas ponderou: “Mas nem tudo pode funcionar de imediato”.
Fraquezas no lado esquerdo da defesa
Com o Japão, a seleção do técnico Flick enfrentou o time que foi um obstáculo para a seleção alemã na Copa do Mundo do Catar – quando os japoneses venceram por 2 a 1, o que contribuiu para a eliminação dos tetracampeões ainda na fase de grupos do torneio. Os asiáticos jogaram de forma agressiva e intensa, colocaram repetidamente problemas para a equipe alemã. Os dois gols do primeiro tempo vieram do lado esquerdo, que Nico Schlotterbeck deveria defender.
Por outro lado, Kimmich cumpriu bem a sua nova tarefa no primeiro tempo e interveio repetidamente na preparação do jogo dos anfitriões. Apesar das novas ideias, a seleção alemã mostrou a cara do passado durante longos períodos do jogo. Foi mais uma vez um desempenho sem emoção, burocrático e decepcionante que a equipe apresentou.
Os assobios vindos das arquibancadas finalmente reconheceram uma derrota merecida contra o Japão – o quinto jogo consecutivo sem vitórias da seleção alemã.
Flick deve ficar?
Mesmo com as novas mudanças e ideias, a comissão técnica não conseguiu botar em campo a indiscutível classe individual dos jogadores. “Talvez tenhamos que admitir que atualmente não estamos no mesmo nível de seleções como o Japão”, disse Gündogan após o jogo, afirmando que neste momento os alemães estão “a quilômetros de distância” da qualidade almejada.
Mesmo assim, o capitão da equipe expressou apoio ao treinador e voltou a exigir uma reação dos jogadores. Matthäus viu as coisas de forma diferente em seu comentário na RTL: “Nos últimos meses não há muitas pessoas na DFB apoiando Hansi. Duvido que ele ainda possa ser mantido “.
O próprio Flick acredita que ainda está no caminho certo: “Eu sou o treinador certo”, disse, garantindo que ele e sua equipe técnica estão “fazendo um bom trabalho”.