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O BRANCH ASSIST: com este equipamento o cliente faz sozinho até as operações bancárias mais difíceis

 

Em um auditório lotado, pouco depois das 8h30 de uma manhã quente, Bill Nuti atravessa a enorme sala de ponta a ponta, encara a moça sentada ao fundo e dispara, de forma doce e simpática, a resposta para uma pergunta delicada. “Como fazer o segmento de equipamentos self service crescer em mercados tão distantes, como um vilarejo na África, por exemplo?” O homem que comanda a NCR, uma das maiores fabricantes de equipamentos para autoatendimento do mundo, chama para si essa responsabilidade. “Cabe a nós conduzir esse processo de popularização da tecnologia. Precisamos torná-la cada vez mais simples e rápida”, disse ele, em Washington (EUA). Em junho, Nuti falou durante uma hora, para 225 pessoas (entre clientes, parceiros e empregados) sobre o que ele pensa a respeito do futuro do serviço de atendimento no mundo. E ele garantiu: muita coisa vai mudar – principalmente no Brasil. Aquilo que a NCR apresentou no evento, no mês passado nos EUA, deve desembarcar por aqui ainda neste ano. São engenhocas inéditas, como a máquina que aceita depósitos em dinheiro vivo ou cheque direto no equipamento, diferentemente das atuais que só fazem esse tipo de operação com os envelopes. Também deve aportar no País, até o final de 2008, um novo formato de terminais de auto-atendimento para agências bancárias. Batizado de branch assist, ele permite que apenas um caixa acompanhe as operações de três clientes ao mesmo tempo.

No caso do depósito inteligente (máquina da linha Personas), o público- alvo são clientes que trabalham com dinheiro vivo (como taxistas) e precisam depositá-lo sem enfrentar as filas das agências bancárias. O equipamento deve ficar estrategicamente localizado em postos de gasolina e pequenos mercados, por exemplo. Já o uso dos novos terminais de atendimento bancário é mais complexo. Será necessário redesenhar o layout da área de atendimento das agências. O novo equipamento reúne três terminais, lado a lado, com teclado e tela de cristal líquido. Eles podem ser utilizados, ao mesmo tempo, por diferentes clientes. À frente dos terminais, um empregado do banco (o ex-caixa) acompanhará as operações em uma tela, e poderá interferir se o cliente tiver dificuldades. Em tese, é um adeus ao modelo antigo, com caixas disponíveis ao fundo da agência e as malfadadas filas. “Pretendemos implantar esse modelo entre o final deste ano e começo de 2008”, diz Elias Rogério da Silva, presidente da NCR no Brasil. “Vamos às agências e analisamos o ambiente para verificar o que pode e o que não pode ser instalado. Não somos tecnomaníacos. O que queremos é tornar a vida das pessoas e das empresas mais fácil”, afirma.

Os sindicatos serão uma barreira na adoção dessas novidades, já que elas certamente provocarão desemprego. Os supermercados sentiram isso na pele.

 

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SILVA, NUTI E A PERSONAS: novo modelo de depósito automático é uma das apostas do grupo para o Brasil

 

Três anos atrás, o grupo Pão de Açúcar colocou uma máquina de autoatendimento em sua loja no bairro do Real Parque, em São Paulo. Já foi desativada. Outra máquina estava instalada numa unidade do Extra, na zona sul de São Paulo. Mas também deixou de operar há alguns meses. O sindicato dos comerciários ameaçou montar protestos em frente às lojas. “Se depender de nós, isso não avança. Vamos tentar criar uma lei federal contra a entrada dessas máquinas, da mesma forma que proibimos bombas de combustível de auto-atendimento”, diz Ricardo Patah, presidente do sindicato. Bill Nuti é categórico em sua análise sobre essa reação no Brasil. “Os sindicatos estão se perdendo nessa discussão. O caminho seria tirar o trabalhador do caixa e colocá-lo em outras funções mais nobres. A China fez isso. O Brasil também pode fazer”, diz ele. Essa briga vai ser boa.

 

CRESCIMENTO U$$ 1,4 BILHÃO foi quanto a empresa embolsou em 2006 vendendo ATMs pelo mundo