01/02/2024 - 13:08
Nesta quarta-feira, 31, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil (BC) realizou um novo corte na taxa básica de juros, a Selic. Essa é a quinta redução seguida no índice e analistas preveem novos cortes nas próximas reuniões. Mas, afinal, com a taxa atual em 11,25% ao ano, onde estão boas alternativas de investimentos?
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Para especialistas do mercado financeiro, mesmo com o corte progressivo da taxa Selic, o Brasil continua remunerando bem os investidores. Segundo o CEO da Multiplike, Volney Eyng, o País ainda é o segundo que melhor remunera na comparação com outros países emergentes, perdendo apenas para o México.
Ele explica que com a taxa Selic em 11,25%, os investimentos em renda fixa acumulam uma perda de 37% em rentabilidade no último ano. Ainda assim, há muitas oportunidades em detrimento da renda variável.
“O Brasil tem a segunda maior taxa de juros real do mundo, perdendo apenas para o México, com 6,49%. A nossa está em 5,95%. Historicamente, os países emergentes e os países do BRICS precisam pagar uma taxa maior, visto que são economias menos desenvolvidas. Esse panorama é bom para o investidor e obriga a renda fixa a remunerar bem. O juro real é a taxa Selic descontada a inflação, e isso é o que literalmente o investidor acaba ganhando líquido, sem perder o poder de consumo”, diz Eyng.
Para o economista, a renda fixa ainda está na preferência dos investidores, embora tenha perdido rentabilidade, devido à proteção que oferece.
“Com os juros sendo reduzidos, a renda variável tende a ganhar escala, mas, por enquanto, o investidor tem buscado proteção e isso o leva à renda fixa. Os títulos de dívida do governo são um bom ativo”, comenta.
Ainda de acordo com Eyng, investidores devem recorrer aos ativos que contam com garantia do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) ou investir em títulos públicos. “Os mais sofisticados podem buscar Fundos de Investimentos em Direito Creditório (FIDC)”, destaca.
Alternativas de investimentos
Na avaliação do sócio da gestora de recursos Equus Capital, Felipe Vasconcellos, para os investidores mais conservadores, títulos de renda fixa, especialmente os pré-fixados, podem ser uma boa alternativa, especialmente se considerarmos o cenário de que a Selic vai seguir na sua trajetória de queda, chegando num piso de 9% ou, em um cenário mais otimista, de 8,5% a 8%.
“No entanto, partindo dessa mesma premissa, essa queda nas taxas de juros pode impulsionar o retorno de ativos tidos como mais arriscados, como ações e ativos ilíquidos, com fundos de private equity ou de venture capital. Um investidor com uma visão de longo prazo, com uma tolerância de risco um pouco maior, deveria aproveitar esse momento para montar posições nesse tipo de ativo”, analisa.
Segundo o economista e CEO da Corano Capital, Bruno Corano, não é porque os juros caíram, por enquanto, um pouco, que o juro real que a Selic oferece deixou de ser interessante. Ainda assim, ele recomenda algumas alternativas.
“Primeiro, vale trabalhar na curva longa dos juros por meio dos títulos do Tesouro e, segundo, ficar muito atento para os ativos de renda variável, que têm mais volatilidade e seguem com uma janela de oportunidade. A questão é ter habilidade para selecionar. Estamos falando sobre ações, FIIs e de vários outros títulos de renda absolutamente variável com marcação a mercado”, indica.
Questionado se ativos de risco podem ganhar maior atratividade com a queda da Selic, Corano confirma e acrescenta que o cenário pode ficar ainda mais vantajoso se a taxa básica de juros dos Estados Unidos cair nos próximos meses.
“Já começou o que o brasileiro gosta de chamar de rally, um aquecimento bem forte em dezembro, que foi demonstrado por vários ativos, em particular na bolsa brasileira. Essa movimentação deve seguir conforme os juros se movimentarem. Especialmente quando os juros americanos apresentarem a primeira queda”, afirma.
Bolsa mais atrativa aos investimentos
Para a especialista em mercado de capitais e sócia da Matriz Capital, Jaqueline Kist, um portfólio saudável de investimentos sempre conta com a diversificação para uma otimização da relação de risco e retorno.
“Investidores tolerantes ao risco e à volatilidade estão aumentando a sua participação em bolsa desde os primeiros sinais do início do ciclo de cortes, de forma que já puderam observar o Ibovespa ganhando do CDI no fechamento de 2023”, lembra.
Segundo ela, esse movimento já influencia também o investidor mais conservador, que gradualmente tem aumentado sua exposição ao risco, uma vez que, com as quedas da Selic os títulos atrelados ao CDI passam a ter uma atratividade cada vez menor na perspectiva de médio longo prazo.
“O momento mais atraente da bolsa é justamente no seu período de ‘maior risco’ — ou seja —, em momentos de baixa como forma de se posicionar de forma contracíclica. Ainda assim, para o investidor comum e mesmo para os institucionais (dado o que vimos na classe dos fundos multimercados ao longo de 2023, por exemplo), é especialmente desafiador encontrar as oportunidades mais interessantes na bolsa em períodos marcados por muita incerteza macroeconômica”, afirma.
A especialista finaliza lembrando que o rendimento do Ibovespa já superou o do CDI em 2023 puxado pelos resultados praticamente isolados de novembro e dezembro. “Agora, temos as fortes indicações de uma possibilidade de aceleração do ciclo monetário terminal”, complementa.
Diferenças entre Renda Fixa e Renda Variável
Renda fixa e renda variável são duas categorias de investimentos que se diferenciam principalmente em relação à previsibilidade dos rendimentos.
Na primeira, os investimentos são conhecidos por oferecerem retornos mais previsíveis, pois os investidores geralmente conhecem antecipadamente a forma como os rendimentos serão calculados. Ela oferece uma taxa de juros fixa ou variável, geralmente definida no momento da aplicação. Os títulos de renda fixa incluem CDBs, Tesouro Direto, Letras de Crédito, entre outros. Em geral, a renda fixa é considerada menos arriscada do que a renda variável, mas os retornos também podem ser mais moderados.
Já a renda variável tem como característica principal investimentos sujeitos as mudanças do mercado, com rendimentos não previsíveis. O valor dos ativos pode variar significativamente ao longo do tempo. Diferentemente da renda fixa, não há garantia de retorno. Os investimentos em renda variável incluem ações, fundos imobiliários, opções, commodities, entre outros.
Entretanto, a renda variável pode oferecer retornos mais significativos, mas isto está associado a um maior risco de perda, pois os preços dos ativos podem ser influenciados por diversos fatores, incluindo condições econômicas, políticas e de mercado.