30/01/2025 - 15:24
Nesta semana o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), elevou a taxa básica de juros, a Selic, para um patamar de 13,25% ao ano, em uma alta de 1 ponto percentual (p.p.).
+Com a Selic em 13,25%, como ficam os rendimentos da poupança, Tesouro Direto e CDB?
Considerando essa taxa Selic de dois dígitos, investidores seguem buscando oportunidades de ativos que superem essa rentabilidade na renda variável – que naturalmente tende a ficar menos atrativa conforme a política monetária se torna mais restritiva (hawkish, no jargão do mercado).
Conforme levantamento da Elos Ayta Consultoria, somente 11 papéis da bolas de valores brasileira possuem rentabilidade superior a 13,25% em 12 meses nos últimos 3 anos – considerando uma janela até o dia 29 de janeiro de 2025 e o reinvestimento de dividendos e juros sobre capital próprio (JCP).
Dentre elas, está por exemplo a Petrobras, companhia com um dos maiores valores de mercado da bolsa, a cerca de R$ 500 bilhões, conforme o Status Invest.
Do fim de janeiro de 2024 até o fim de janeiro de 2025, os papéis ordinários da petroleira – PETR3 – tiveram rentabilidade de 15,8%. Na janela de 12 meses anterior, a rentabilidade fora de 84%.
Quem lidera esse ranking é a construtora Cury, que tem a maior mediana de rentabilidade utilizando essa metodologia, de 52%. Em 12 meses acumulados, do fim de janeiro de 2024 ao fim de janeiro deste ano, os papéis acumularam alta de 23%.
Essa performance reflete o crescimento do mercado de habitação popular, mesmo em um ambiente de alta de juros.
A análise da Elos Ayta também revela que empresas de menor liquidez e capitalização, como a Priner e Banco Pine conseguiram entregar retornos expressivos.
Destaque também para Sabesp, que na esteira da privatização apresentou uma mediana de rentabilidade na casa dos 49%.
O levantamento apontou que justamente dois setores se destacaram com mais de uma ação na lista: água e saneamento (Sabesp e Copasa) e incorporação (Cury e Direcional), mostrando ambos os setores como relativamente resilientes em ambientes econômicos desafiadores.
O estudo da Elos Ayta incluiu a análise do volume financeiro médio diário das ações.
Enquanto empresas como Petrobras (R$ 431,8 milhões) e Sabesp (R$ 363,1 milhões) lideraram em liquidez, ações como Priner e Banco Pine registraram volumes menores, exigindo maior atenção de investidores devido à menor facilidade de negociação.
Copom eleva Selic para 13,25% ao ano e indica mais uma alta de 1 ponto
O aumento de 1p.p. da Selic já era esperado pelo mercado desde o comunicado de dezembro do ano passado e não deve parar por aí.
A Selic chegou ao seu maior valor desde setembro de 2023, quando baixou de 13,25% para 12,75% ao ano. Foi o quarto aumento consecutivo da taxa.
A reunião de janeiro foi a primeira com Gabriel Galípolo como presidente do Banco Central, após o encerramento do mandato de Roberto Campos Neto. A decisão foi por unanimidade.
“Diante da continuidade do cenário adverso para a convergência da inflação, o Comitê antevê, em se confirmando o cenário esperado, um ajuste de mesma magnitude na próxima reunião. Para além da próxima reunião, o Comitê reforça que a magnitude total do ciclo de aperto monetário será ditada pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerá da evolução da dinâmica da inflação, em especial dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária, das projeções de inflação, das expectativas de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos”, afirmou o comunicado.
A expectativa é que na próxima reunião, marcada para o dia 19 de março, deva acontecer mais um aumento de 1 pp por conta do ambiente fiscal incerto. O mercado prevê que a taxa básica de juros deva terminar 2024 em 15%.
Veja a íntegra do comunicado do Copom.
A taxa de juros, a Selic, é um instrumento de política monetária que impacta na inflação, em geral, e se usa em dosagens para tentar conter o avanço de preços que pode refletir no bom andamento da economia do país. A meta de inflação definida para 2025 é de 3% ao ano, com tolerância de 1,5 p.p. para mais (4,5%) ou para menos (1,5%).