25/07/2025 - 18:14
Em consenso com o mercado, especialistas da XP, Ibiúna Investimentos e Kapitalo Investimentos frisam que o Comitê de Política Monetária (Copom) deve manter a Selic no mesmo patamar na reunião da próxima semana – e, além disso, manter a postura de austeridade na política monetária por cinco ou seis reuniões, no mínimo.
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Em painel da Expert XP, Caio Megale, Economista-chefe da XP, destaca que o Banco Central (BC) deve mostrar uma postura de ‘quem não tem pressa’ para começar a cortar a Selic, dado que os dados recentes não mostram uma desaceleração da economia e a leitura mais recente da prévia da inflação veio com núcleos reagindo positivamente e ‘se comportando um pouco melhor’.
Rodrigo Azevedo, sócio, co-CIO e gestor da estratégia macro Ibiuna Investimentos, aponta que as ‘palavras do BC foram muito evidentes’ sobra a pausa no ciclo de alta de juros.
“Não vai ter emoção sobre decisão da semana que vem. Comunicação do BC sugeriu que ele vai manter juros parados por um tempo grande. Não tem emoção pelas próximas 4 ou 5 reuniões. É um momento entediante para a política monetária“, disse.
Comportamento da Selic é incomum
Nesse sentido, os especialistas frisam que o cenário é relativamente inusual – dado que historicamente o BC costuma subir e baixar os juros, mas não ficar em um grande intervalo de tempo com a Selic no mesmo patamar, com decisões de manutenção em reuniões consecutivas.
A tese é de que, para converter a inflação para a meta, seria necessário um juro até maior. Todavia, o BC prefere seguir com juros de 15% e segurá-lo para ser cauteloso e analisar as reações dos indicadores econômicos.
Todavia, especialmente em termos de atividade, ainda não são vislumbradas grandes mudanças por conta do patamar de juros.
“Eventualmente a economia desacelerar é bom para os ativos. Hoje em dia desacelerar é uma notícia ótima, melhora muito a dinâmica de dívida. Só que essa desaceleração não vem”, observa Carlos Woelz, sócio-diretor e gestor da Kapitalo Investimentos.
O gestor aponta que, nesse sentido, a discussão do momento passa a ser como o Copom sinalizará suas decisões futuras nos comunicados.
“A questão é quando o juro vai começar a cair, mas tudo indica que vai demorar muito. A comunicação tem sugerido isso”.
O especialista ainda adiciona que vê o juro real como ‘absurdo’ nos patamares atuais, dado que o Brasil tem o segundo maior patamar de juros reais de todo o mundo, ficando atrás da Turquia.
“Faz décadas que não vemos isso. Juro real de dois dígitos é mais próximo dos anos 2000, e é impressionante como isso tem batido muito pouco na economia”, analisa Woelz sobre o patamar atual da Selic.