Como os brasões das antigas famílias indicam a linhagem de seus clãs, o ex-libris, uma espécie de selo pessoal que o colecionador coloca em seu acervo de livros, identifica a origem do proprietário da biblioteca. Sinônimo de prestígio e de bom gosto entre os amantes dos livros e intelectuais, o ex-libris (expressão latina que significa dos livros) surgiu da necessidade de garantir a posse das obras literárias. A utilização do emblema bibliográfico ainda é pouco difundida no Brasil. Entre os colecionadores, porém, o ex-libris é um velho conhecido. O empresário José Mindlin, dono de uma das mais espetaculares coleções do País, com quase 30 mil volumes, há quase 20 anos tem o seu ex-libris. É uma frase, em francês, retirada dos Ensaios de Montaigne : ?Je ne fait rien sans gayeté? (?eu não faço nada sem alegria?).

 

Assim como no caso de Mindlin, o ex-libris tem de ter o toque pessoal do proprietário da coleção. Normalmente, ele cria o seu, que pode ser um desenho, uma frase, uma insígnia, enfim, algo que represente sua personalidade. O melhor caminho é procurar um designer gráfico para executar a sua idéia e depois imprimir a imagem no formato de etiquetas, que serão colocadas na face interna dos livros. A história do ex-libris remonta à Antiguidade. Em 1.400 a .C, o faraó Amenófis IV usou um tipo de ex-libris em uma caixa de papiros.

 

A partir do século XVI, surgia a marcação das obras literárias com imagens pintadas a tinta ou em xilogravuras. Com o desenvolvimento dos métodos de impressão, o ex-libris caiu nas graças dos colecionadores. No Brasil, um dos primeiros adeptos foi o Barão de Rio Branco. Ele desenhou pessoalmente o seu ex-libris. ?Além de enobrecer o livro, o ex-libris reconstitui sua trajetória desde que foi adquirido. Há obras que têm dois, três ex-libris, pois se a pessoa compra um livro que já vem com um ex-libris, ela coloca o seu emblema ao lado do já existente.?, diz Luiz Fernando Machado, especialista em encadernação e restauração de livros.