Os investimentos em filatelia ganharam um aliado. Os leilões de compra e venda pela internet facilitaram a corrida pelos ganhos com as raridades. Transformaram, ainda, tradicionais colecionadores, afeitos a papéis antigos, em assíduos navegantes de modems. Os sites Filatélica Olho de Boi (www.shopplace.com.br ), Portal do Selo (www.portaldoselo.com.br) e Lance Virtual (www.lancevirtual.com.br) já possuem cerca de 100 mil clientes cadastrados. Funcionam nos moldes de uma corretora de ações virtual. Quanto movimentam? Ninguém ainda se arrisca a precisar. Mas basta navegar nas páginas para encontrar as ?blue chips? (papéis com melhores cotações no pregão) desse mercado. Uma série completa do Olho de Boi, por exemplo, o primeiro selo emitido no Brasil, pode valer até US$ 25 mil.

A tecnologia ajuda a fazer da filatelia um bom negócio por reduzir fronteiras. Para os investidores de perfil conservador, o mais indicado são as coleções comemorativas de vários países, com preços a partir de R$ 100 e vigorosa valorização ano a ano. Em geral, são comercializadas em lotes de 100. Com isso, a aplicação mínima gira em torno de R$ 1 mil. Para os mais ousados, vale até mesmo pagar R$ 10 mil numa coleção com todos os selos já emitidos na Costa Rica. Caso ocorra algum fato de importância no país ou apareça um convite para exibir a coleção numa exposição internacional, os papéis tendem a ganhar 50% de seu valor inicial. Pode parecer bastante improvável, mas são desses eventos que vêm os melhores lucros da filatelia.

Como no pregão da bolsa, há também papéis com mais liquidez. Dois deles se destacam: o Benny Black, da Inglaterra, o primeiro selo do mundo, e os exemplares da ilha de Jersey produzidos em ouro. O selo com a imagem do papa João Paulo II, emitido recentemente pelo Vaticano, ainda não custa uma fortuna, mas promete bons lucros no futuro, apostam os visionários do ramo.

Há uma regra básica nesse tipo de investimento: ?Tem que ser uma raridade?, diz a filatelista paulista Ana Lúcia Loureiro Sampaio. É fundamental não confundir raro com antigo. Muitas vezes um selo brasileiro do Império, datado de 1866, pode deixar de ter valor pela alta oferta no mercado. Se não tiver em bom estado, o preço cai ainda mais e não adianta esperar o momento ideal. A má conservação é uma barreira para os lucros. Já quem conseguir uma das pouquíssimas cartelas com erro de impressão do selo comemorativo da Copa do Mundo da Coréia e Japão, emitido em 2001, pode pô-lo em leilão e lucrar 100%.