O empresário Nelson Tanure pode desistir de comprar o controle da Braskem, a maior petroquímica da América Latina, se não conseguir um amplo acordo com autoridades relacionado ao afundamento do solo na capital de Alagoas.

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Em maio, Tanure assinou um documento de exclusividade de 90 dias para discutir os termos de uma oferta para adquirir a participação da Novonor, antiga Odebrecht, na Braskem. A Petrobras divide o controle da petroquímica com a Novonor e tem direito de preferência.

Desde então, o empresário tem trabalhado para resolver questões legais decorrentes do afundamento do solo em Maceió, onde a Braskem operava minas de sal-gema. A companhia já teve de desembolsar cerca de R$13 bilhões ao longo dos últimos anos em meio a milhares de reclamações de famílias deslocadas pelo fenômeno na capital alagoana.

Entretanto, o período de exclusividade previsto no atual acordo termina em 21 de agosto e até agora a questão da investigação ambiental continua pendente.

Em uma resposta por escrito à Reuters nesta segunda-feira, Tanure disse que a resolução deste caso é condição inegociável para o futuro de sua oferta pela Braskem.

“Um acordo com todas as entidades envolvidas no desastre de Alagoas é sine qua non. Sobretudo da não transferência da responsabilidade penal e de equacionamento financeiro para os novos acionistas”, disse o empresário, sem elaborar sobre seus próximos passos.

O afundamento foi atribuído por autoridades às atividades de extração de sal-gema da Braskem, que começaram na década de 1970 e foram interrompidas em 2019 após o registro de rachaduras em edifícios e ruas de Maceió.

Enquanto Tanure decide sua estratégia, a gestora de private equity IG4 Capital aguarda para lançar uma oferta rival quando o acordo de exclusividade entre o empresário e a Novonor deixar de existir. A estratégia da IG4 é consolidar a dívida bancária da Novonor e trocá-la por ações da Braskem, segundo pessoas próximas ao plano.

Braskem, Novonor e IG4 não comentaram.

As discussões sobre o futuro do controle da Braskem coincidem com a tentativa da empresa química Unipar de comprar fábricas de polipropileno da Braskem nos EUA por cerca de US$1 bilhão, segundo informações publicadas nos últimos dias pela mídia e confirmadas pela Reuters. Divulgada na semana passada, a tentativa não conta com a aprovação de partes-chave, incluindo Tanure e IG4, de acordo com fontes.