10/06/2009 - 7:00
O estresse no mundo corporativo é, definitivamente, um dos grandes vilões no ambiente de trabalho. É o que aponta uma pesquisa realizada pela Robert Half, consultoria americana especializada em recursos humanos, com 5.687 executivos de 20 países. Os resultados mostram que 58% acreditam no aumento do estresse neste ano. Dentre as causas apontadas, 65% sentem os efeitos da crise mundial e 48% enfrentam um aumento na carga de trabalho. Soma-se a isso que 36% das empresas não oferecem nada para que seus funcionários lidem com o estresse. Em condições tão adversas, torna-se cada vez maior a necessidade de lazer para aliviar o nervosismo do trabalho. É justamente por isso que alguns executivos não medem esforços nem dinheiro quando o assunto são os seus hobbies. Mas não são quaisquer hobbies.
São atividades feitas dentro de casa. “Há muito que se fala em qualidade de vida. É muito importante que esses executivos equilibrem o tempo para si, com o tempo para a família e para o trabalho. Daí faz todo sentido investir em um lazer dentro de casa”, diz Fernando Mantovani, diretor de operação da consultoria Robert Half em São Paulo. DINHEIRO selecionou histórias de empresários que levaram o prazer para casa. Acompanhe:
Maurício Catelli
Empresa: CAS Tecnologia
Hobby: aviação
O que fez: construiu uma cabine de simulação de Boeing 737 em casa
Traçar um plano de voo, aprovar com a torre de controle, ligar o avião, passar a check-list, obter permissão de decolagem e voar para qualquer aeroporto do mundo! O Boeing 737 não vai a lugar nenhum, pois ele está dentro de um dos quartos da casa do empresário Maurício Catelli, um dos proprietários da CAS Tecnologia, empresa de engenharia de sistemas e automação. A simulação, porém, é perfeita. Há dois anos, Catelli se dedica a construir uma cabine de Boeing em tamanho real, com todos os botões que existem no avião de verdade.
O painel foi comprado de um amigo que trabalha no ramo e o resto adquirido na internet. Um projetor mostra os aeroportos com as mesmas condições climáticas da vida real, graças a um software, e é possível se comunicar com centenas de outros pilotos virtuais via rádio. Estima-se que, ao longo do tempo, Catelli tenha gasto mais de R$ 80 mil com a réplica. Um valor baixo se pensar que um simulador para profissionais chega a custar US$ 12 milhões. Catelli simula os voos durante a semana e nos finais de semana pilota seu Skybolt Piper, a aeronave que usa para ter aulas de acrobacia. “O que estou construindo está muito próximo dos profissionais”, diz Catelli.
Antonio De Filippo
Empresa: De Filippo Automóveis
Hobby: vinhos
O que fez: produz vinhos em casa
Natural da província de Salerno, no sul da Itália, Antonio De Filippo chegou ao Brasil em 1952, aos 17 anos. Foi marceneiro, vendedor ambulante, comerciante de bananas, até abrir sua primeira loja de carros, a De Filippo Automóveis. O Brasil pode ter virado sua pátria, mas De Filippo nunca abandonou a tradição de fazer vinhos em casa. Mesmo ao se mudar para uma casa no bairro de Pinheiros, continuou a fazer vinhos.
Todos os anos o italiano manda vir um caminhão carregado com mais de uma tonelada de uvas, diretamente do Rio Grande do Sul. Assim, reúne toda a família para moer a uva (em uma máquina construída pelo próprio De Filippo há 42 anos) e as coloca em barris de 100 litros. Toda a fermentação é realizada de maneira natural, sem adição de nenhum tipo de químico. Após três meses, De Filippo possui vinho suficiente para dar à família, aos amigos e para o consumo próprio. “No dia em que faço vinho é importante que venha toda a família, pois o vinho absorve nossa energia positiva”, conta De Filippo.
Marcos Moraes
Empresa: Grupo Votorantim e Dunas Race
Hobby: rali
O que fez: criou uma pista de rali de 16 quilômetros em sua fazenda
Ficar em um escritório nunca foi o desejo de Marcos Ermírio de Moraes. Apesar do sobrenome famoso (sim, ele é sobrinho de Antonio Ermírio de Moraes) e ter trabalhado 12 anos no Grupo Votorantim, Moraes transformou seu gosto por corridas de aventura em profissão. Em 2002, quando o Grupo Votorantim adotou uma política de transformar os executivos do grupo que eram da família em acionistas, Moraes ficou livre para abrir sua empresa, a Dunas Race, que hoje organiza o Rally dos Sertões e fatura em torno de R$ 6 milhões ao ano.
Parte de sua rotina inclui levar amigos e competidores para sua fazenda na cidade de Botucatu, interior de São Paulo, onde há uma pista particular de rali com 16 quilômetros de extensão. Entre trechos de areia, cascalho e terra batida, é possível atingir até 146 km/h. “Tenho menos tempo que gostaria para correr. Mas sobram alguns finais de semana em que convido amigos e comparamos performances”, diz Moraes. Mesmo sem tempo, ele gasta cerca de R$ 250 mil a cada ano em corridas para o próprio lazer.
Douver Martinho
Empresa: Universo Tintas
Hobby: golfe
O que fez: construiu um campo de golfe em seu sítio
Todos os fins de semana o empresário Douver Martinho, proprietário da Universo Tintas, troca a diversidade das cores de sua fábrica, em Diadema, para ficar perto de apenas uma cor: o verde. Martinho construiu um campo de golfe de nove buracos em seu sítio, em Porto Feliz, interior de São Paulo.
O campo foi construído em um antigo pasto e ocupa uma área de 50 mil metros quadrados. Para concluir a obra, foi necessário fazer terraplanagem e providenciar uma estrutura para irrigar o campo e captar água da chuva. Estima-se que tenha custado entre R$ 800 mil e R$ 1,5 milhão, sem contar a manutenção diária. “Não é um campo profissional, mas vários amigos vão ao campo ‘brincar’ de golfe”, diz Martinho. O campo comporta até 10 pessoas jogando ao mesmo tempo e possui alguns obstáculos como um lago e um banco de areia.