Uma broncopneumonia atrapalhou os planos do aguardado encontro entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Xi Jinping, presidente da China. Enquanto o presidente brasileiro se recupera da doença em casa, a comitiva paralela de empresários escalados para ir a Pequim já se encontra no país asiático, com nomes como Joesley e Wesley Batista, donos da JBS. Outros atores do agronegócio se somam aos irmãos J&F, que apostam no interesse e relações do mercado de exportação, que representa por volta de 30% das exportações da marca de carne bovina.

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Segundo o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), liderado pelo ministro Carlos Fávaro, que representa o alto escalão do governo na viagem, a pasta mantém as reuniões e visitas técnicas previstas para o setor até quarta-feira (29).

“Nós antecipamos a vinda do Mapa porque tínhamos as questões técnicas do agronegócio, principalmente acerca da liberação das exportações da carne bovina, o que já conseguimos responder e os demais acordos importantes serão assinado quando for remarcada a agenda presidencial”, comentou o ministro.

Fávaro disse que o cancelamento da visita adiou a assinatura de acordos de cooperação entre os países. O Itamaraty havia informado a expectativa de ao menos 20 acordos serem firmados, em setores distintos da economia.

O governo da China informou que mantém contato com o governo brasileiro para o reagendamento da visita de Lula. A segunda quinzena de maio é uma das datas estudadas para a nova viagem. “Nós compreendemos e respeitamos essa decisão”, disse um porta-voz da chancelaria chinesa.

“Enviamos nossos calorosos pensamentos ao presidente Lula da Silva e desejamos-lhe uma rápida recuperação”, afirmou a diplomacia da China.

Agenda

Nesta segunda-feira (27), a equipe técnica do Mapa participa do evento China-Brazil Momentum e do Fórum China – Brasil de Desenvolvimento Sustentável; na terça-feira (28), estão programadas visitas técnicas para reforçar as parcerias e cooperações técnico-científicas voltadas para o desenvolvimento sustentável do agronegócio brasileiro; na sequência, ocorre o Seminário Brasil-China e encontros setoriais.

Uma das ações de Fávaro já ocorreu na última semana, com a decisão do governo chinês de levantar o embargo à carne bovina brasileira. As importações do Brasil estavam suspensas desde fevereiro após a confirmação de um caso isolado e atípico de Encefalopatia Espongiforme Bovina (doença da “vaca louca”). 

“Tenho certeza que isso é um passo para que o Brasil avance cada vez mais com o credenciamento de plantas e oportunidades para a pecuária brasileira”, disse Fávaro, ao final da reunião com o ministro da Administração Geral da Aduana Chinesa (GACC), Yu Jianhua, na última quinta-feira (23).

 

Outro foco do ministro desde que desembarcou em Pequim foi sobre pesquisa na principal empresa chinesa de investimentos no agronegócio brasileiro, a Cofco – maior compradora de soja, milho, cana-de-açúcar e o maior trader (comerciante) do agronegócio chinês que opera no Brasil. 

“Fomos levar a eles nossas mensagens de reciprocidade, de intensificar nossos negócios em agricultura com sustentabilidade, falamos de infraestrutura logística – e eles já estão investindo no Porto de Santos para ajudar nossa infraestrutura ficar mais competitiva para ganharmos mais espaço no mercado chinês”, disse  Fávaro.

Comitiva agro

Na comitiva empresarial, seguem 102 nomes representando 9 setores do agronegócio : Carne Bovina, Carne suína e de aves, Algodão, Celulose, Arroz, Insumos, Óleos Vegetais, Reciclagem e Multissetoriais. 

Ricardo Santin (presidente da ABPA), Hugo Leonardo Bongiorno (AVENORTE), Paulo Sérgio Mustefaga (ABRAFRIGO), . Alexandre Pedro Schenkel (presidente da ABRAPA), Juan Henrique Mena Acosta (Associação Bioinsumos), André Meloni Nassar (ABIOVE) e Ricardo Gracia (MECH centro estudos mercado chinês) aparecem na lista publicada pelo Poder360.

“A China já é uma realidade concreta e fundamental para os negócios da J&F e de muitas empresas brasileiras. Ainda assim, as oportunidades a serem exploradas continuam sendo imensas. Por isso, engrosso a lista de participantes da comitiva oficial, ao lado de executivos do grupo J&F, em busca dessas oportunidades empresariais que fortalecerão o comércio bilateral Brasil-China, disse Joesley Batista em artigo para a Veja. Ele e o irmão foram recebidos no país por Marcos Galvão, embaixador e diplomata brasileiro.  

Os empresários lamentaram ausência de Lula na viagem. “A presença seria muito expressiva para consolidar os laços depois do distanciamento que tivemos nos últimos anos, que tem que ser consertado. (…) “Mas não atrapalha as negociações.”, disse Etivaldo (Vadão) Gomes, fundador da Frigoestrela. 

Quem não foi

Rodrigo Pacheco, presidente do Senado, cancelou a ida à China como parte da missão brasileira. Além de Pacheco, a delegação do Senado contava com os senadores Renan Calheiros, Randolfe Rodrigues, Jaques Wagner, Eliziane Gama e Jussara Lima.

Além do presidente do Congresso, os ministros que seguiriam com Lula permanecerão no País, como Fernando Haddad (Fazenda), Marina Silva (Meio Ambiente), Luciana Santos (Ciência e Tecnologia) e Juscelino Filho (Comunicações).

Já a ex-presidente Dilma Rousseff, então escolhida para assumir o Novo Banco de Desenvolvimento do Brics, formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, manteve a ida. Inicialmente, sua posse teria uma cerimônia, adiada por Dilma, que se mudará para Xangai. 

Lula adia viagem para a China, mas agro segue agenda

O presidente Lula adiou sua viagem para a China, onde estabeleceria diversos acordos bilaterais. Em Pequim, uma comitiva de empresários segue com agenda de encontros; o ministro Carlos Fávaro lidera o alto escalão do governo em reuniões.