O projeto de privatização dos Correios, uma das grandes apostas da gestão de Jair Bolsonaro na agenda liberal, tem poucas chances de andar em 2023. Com uma provável baixa renovação do Congresso e fortalecimento das legendas de Centro, o projeto deve continuar atraindo muita polêmica e resistência, mesmo em uma eventual reeleição do presidente. Há um entendimento entre parlamentares que, caso seja reeleito, Bolsonaro perderá força política para imprimir suas pautas e ficará ainda mais a mercê do Centrão. O futuro do projeto vai depender também de quem ficar com o comando do Senado. Rodrigo Pacheco, que vai tentar a reeleição, já demonstrou resistência à ideia. Além disso, a privatização dos Correios não está no topo da lista de prioridades das lideranças políticas dos partidos de centro. No caso de uma vitória de Lula, o projeto recebe a pá de cal definitiva, já que os planos do petista passam longe de grandes privatizações de companhias estatais.

NOVO CONSIGNADO AINDA PODE TER EFEITO NA ELEIÇÃO

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É controversa a avaliação de técnicos do governo sobre o efeito de algumas medidas anunciadas na reta final da campanha. Na opinião de alguns deles, o empréstimo consignado para beneficiários do Auxílio Brasil pode ter impacto positivo para o eleitor. As desonerações tributárias sobre os combustíveis tiveram efeito positivo para o consumidor. Em alguns estados, o preço do litro da gasolina chegou perto dos R$ 10 em maio, mas atualmente está na casa dos R$ 5. No caso do consignado do Auxílio Brasil, os mais críticos afirmam que será uma fábrica de inadimplentes e a conta pode ficar com as instituições.

SETOR COMEMORA ABERTURA DE MERCADO LIVRE DE ENERGIA

Parte do setor elétrico comemorou a decisão do governo de ampliar o mercado livre de energia para os consumidores de alta tensão a partir de 2024. O governo decidiu publicar a portaria nesse sentido após um trecho semelhante não conseguir ser incluído na MP 1118, que caducou porque não foi votada no Senado. Enquanto comercializadores de energia comemoram, as distribuidoras, por exemplo, avaliam judicializar a portaria. Sem regras para garantir outras mudanças estruturantes no segmento, as empresas alertam que a migração de consumidores para o mercado livre pode deixar um custo adicional nas contas de luz e levar a um aumento no nível de inadimplência.

CAMPOS NETO E A AUTONOMIA DO BC

Sérgio Lima

A autonomia do Banco Central deverá ser mantida por Lula. Em jantar com empresários na terça-feira (27) ele se referiu ao presidente do BC, Roberto Campos Neto, como “economista competente” e “uma pessoa razoável para conversar”. Reverter a autonomia custaria um gigantesco capital político. Já Campos Neto, cujo mandato vai até 31 de dezembro de 2024, declarou ser contra a ideia da recondução dos dirigentes da instituição.

SERVIDORES PRESSIONARÃO POR AUMENTO SALARIAL

A previsão no Planalto é de que o novo presidente sofrerá fortíssimas pressões por aumentos salariais. A expectativa é de que, se não houver um sinal positivo do novo presidente, o titular do Planalto em 2023 poderá começar o mandato enfrentando mobilizações, operação padrão e greves. A disposição de mobilizações foi apresentada recentemente ao Ministério da Economia por representantes sindicais, que pediram reajustes para compensar o congelamento dos últimos anos. A proposta de Orçamento para 2023 reserva para eventuais aumentos cerca de R$ 11,6 bilhões, suficientes apenas para um reajuste linear de 4,5%. A categoria pede recomposição salarial e fala em perda de 40% do poder de compra, somente no atual governo. Nas contas deles, são necessários R$ 70 bilhões para corrigir minimamente os salários dos servidores.