O CEO da Gerdau, Gustavo Werneck, afirmou nesta quinta, 20, que, se o governo brasileiro não tomar medidas de defesa econômica, a empresa irá repensar o nível de investimentos no Brasil. O setor reclama de invasão do aço importado da China.

O executivo lembrou que a companhia anunciou na quarta-feira previsão de investimentos de R$ 6 bilhões no País em 2025, mantendo o patamar do ano anterior. Assim, ele diz que, para este ano, essa cifra deve ser mantida. Eventuais reduções viriam para os próximos anos.

“É frustrante ver que o governo brasileiro não é célere para tomar medidas de defesa comercial”, disse ele, que chegou a afirmar que o governo americano tem sido mais ágil nesse sentido. Há expectativa de que as políticas tarifárias do presidente Donald Trump beneficiem a companhia brasileira, já que a metalúrgica tem plantas no país. O republicano pretende impor uma tarifa de 25% sobre importações de metais, a fim de favorecer o mercado interno.

Nova terminologia

Werneck disse que a companhia deixou de usar o termo “proteção” e passou a preferir o termo “defesa comercial”, por entender que a empresa é competitiva em cenários isonômicos, mas que a atual conjuntura exigiria mecanismos de defesa contra importações que não respeitam as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC).

“Sempre competimos de igual para igual. Nunca precisamos de proteção. A questão é defender a indústria contra uma competição desleal”, afirmou. Ele diz que as empresas chinesas estariam exportando aço subsidiado com dinheiro público.

Para o CEO, uma tarifa única capaz de diminuir de forma efetiva as importações de aço no Brasil não deveria prever exceções e ter uma alíquota de 25% a 30%.

O diretor financeiro da companhia, Rafael Japur, afirmou que a empresa poderia estar vendendo cerca de 10% a mais de aço no Brasil se importações não tivessem dobrado nos últimos anos.

Werneck afirmou que o investimento da empresa em bobina quente em Ouro Branco (MG) corresponde a uma demanda presente, mesmo em um cenário de sobreoferta de importações. No entanto, no segmento de aço longo, ligado à construção civil, a empresa tem buscado uma redução de participação desse produto da companhia, considerando as dificuldades de repassar preços no segmento.

Balanço

A Gerdau apresentou lucro líquido ajustado de R$ 666 milhões no quarto trimestre de 2024, queda de 9% ante o mesmo período de 2023 e de 53,5% sobre o terceiro trimestre. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado foi de R$ 2,391 bilhões, alta de 17,2% em relação ao do quarto trimestre do ano anterior. Já a receita líquida ficou em R$ 16,822 bilhões, alta de 14,3% na mesma base de comparação.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.