Representantes de toda a cadeia produtiva do café brasileiro estão concentrados em Belo Horizonte (MG) para debater o futuro do setor. Trata-se da décima edição da Semana Internacional do Café (SIC), que começou na quarta-feira (16) e vai até a sexta (18). Ela é baseada em troca de conhecimento, oportunidades de negócios, inovações – dos cafezais ao consumo da bebida – e definição de novos caminhos para a evolução. A expectativa de organizadores e participantes está aquecida, inclusive pela retomada do formato presencial. Na última vez em que ocorreu dessa forma, em 2019, o evento recebeu 23 mil visitantes e registrou R$ 50 milhões em negócios.

A concentração de tanta gente que entende de café ganha ainda mais relevância no momento, pois a cafeicultura nacional precisa renovar o fôlego e o ânimo. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), o Brasil é o maior produtor, maior exportador e o segundo maior consumidor de café do planeta. Mas após alcançar produção recorde em 2020, com 63 milhões de sacas beneficiadas, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o ano seguinte foi frustrante.

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Em 2021, com cafezais castigados por fortes geadas, sobretudo em Minas Gerais, a produção foi reduzida para 47,7 milhões de sacas, queda acima de 24%. Pela bienalidade negativa, já se esperava resultado menor, mas não dessa maneira. Embora ainda distante de dois anos atrás, surgem sinais de recuperação. A estimativa da Conab para a safra 2022 está bem próxima de 50,4 milhões de sacas, 5,6 % a mais do que no ano passado, mas 20,1% abaixo do que foi em 2020. A recuperação vai exigir mais do que pulmões fortalecidos.

Entre os obstáculos, estão as limitações de logística para levar o café ao mercado internacional e trazer insumos para a cadeia como um todo, situação que vem desde o período mais crítico da pandemia da Covid-19 e se agravou com a guerra entre Rússia e Ucrânia. Desafio que pode virar trunfo é a sustentabilidade. Dentro e fora do País, o consumidor que paga mais por um café especial, em alguns casos bem mais, é exatamente o que mais cobra práticas ambientalmente corretas nas lavouras e no processamento do grão. O que se espera da SIC é a harmonização dessas variáveis para se chegar à receita mais refinada do progresso da cafeicultura brasileira.