08/02/2017 - 18:34
Os senadores americanos demonstraram nervos à flor da pele antes de votar a confirmação de Jeff Sessions como novo secretário de Justiça, a ponto de uma senadora ter sido intimada a interromper seu discurso e voltar a seu assento.
A democrata Elizabeth Warren lia, na noite de terça-feira, uma carta escrita em 1986 por Loretta King, viúva de Martin Luther King, com severas críticas ao senador Sessions, mas foi chamada a se silenciar.
O líder do Partido Republicano no Senado, Mitch McConnell, apelou a um artigo raramente usado no regulamento desta câmara, que veta comentários altamente críticos de um senador a outro para pedir que o discurso fosse interrompido.
“A senadora deve retomar seu assento”, ordenou o senador Steven Daines, em um gesto que gerou enorme escândalo e se tornou nesta quarta-feira o centro das discussões sobre Sessions.
Embora não seja raro que um senador faça objeções a declarações de outro membro desta câmara, o pedido para que Warren fosse interrompida e voltasse ao seu assento constituiu um gesto muito poucas vezes visto no congresso americano.
O senador Bernie Sanders, ex-pré-candidato democrata à Presidência, pediu a palavra nesta quarta-feira e procedeu à leitura por inteiro da carta escrita por Loretta King, embora desta vez nenhum senador conservador tenha apresentado moção de censura.
Outro senador democrata, Sheldon Whitehouse, disse que o ocorrido era francamente inaceitável. “Não sei mais como devemos fazer nosso trabalho. Devemos fechar os olhos diante de uma informação negativa?”, disse.
Enquanto isso, o senador conservador Horrin Hatch alegou que os legisladores devem se tratar com respeito “ou isto vai virar uma selva”.
A viúva de Luther King escreveu a carta quando Sessions era candidato a um posto de juiz federal no estado do Alabama. Segundo a carta, Sessions usava “seu poder para intimidar e ameaçar eleitores negros”.
Já nesta ocasião, sua trajetória repleta de denúncias por limitar o direito a voto dos eleitores negros fez naufragar a candidatura de Sessions ao cargo de juiz federal.
O Senado deve votar para confirmar Sessions à tarde e a previsão é de que o polêmico senador – o mais ferrenho defensor de uma linha dura contra os imigrantes – seja aprovado.
A tensão já tinha ficado evidente na véspera, quando o Senado votou para confirmar a nomeação da milionária Betsy DeVos como nova secretária de Educação.
DeVos foi confirmada no cargo, mas depois de um amargo empate de 50 votos a favor e 50 contra, que obrigou a mobilização do vice-presidente, Mike Pence, para assegurá-la no cargo.