Com US$ 7,5 milhões se constrói uma pequena fortuna. Ou então, compra-se um relógio. Ou melhor, quatro peças da mais fina relojoaria suíça. Este é o preço de um conjunto Star Caliber, produzido pela Patek Philippe. Concebido após oito anos de pesquisas, é um artigo tão excepcional que só é vendido em série de quatro unidades, uma delas de platina. Como todo Patek Philippe, trata-se de uma das preciosidades feitas artesanalmente na tradicional fábrica de Plan-les-Ouates, vilarejo perto de Genebra, na Suíça. Foi ali que o relojoeiro Patek Philippe fundou uma pequena manufatura em 1839. Sua especialidade: máquinas altamente complexas. Até hoje elas são incomparáveis, no requinte e na precisão.

Em média, cada relógio da clássica marca contém 1.800 engrenagens. E os cuidados com essas engenhocas seriam exagerados se não estivéssemos falando de um Patek Philippe, jóias que passam de pai para filho como o que há de mais valioso em termos de herança. Durante a montagem do relógio, as peças são colocadas numa redoma de vidro para evitar o contato com a poeira. Lá dentro, o ar é trocado o tempo todo, além de ser umidificado no inverno e seco no verão. A produção anual do Patek Philippe é de 30 mil relógios, com quantias variando entre US$ 4,5 mil e US$ 66 mil a unidade ? isso sem contar as séries especiais, como a Star Caliber. É o preço pago por aqueles que querem muito mais do que um objeto para medir o tempo.

Mas nem só de tradição e glamour vive a indústria relojoeira suíça, que faturou US$ 5 bilhões no ano passado, 14% a mais do que em 1999. O sucesso do design arrojado do fabricante de relógios de plástico Stamps é a maior prova disso. Produzidos na Suíça mas montados em Nove Mesto, pequena vila na República Tcheca, os relógios Stamps também têm um modelo que só é vendido em série de quatro. A diferença para a série Star Caliber do Patek Philippe
está no preço; as quatro peças saem por US$ 46,00. Da fábrica
de Nove Mesto, saem 2 mil unidades por dia, sendo que 90% da produção é comprada por grandes empresas, como Coca-Cola e Mercedes-Benz, e utilizada como brinde institucional. Apesar de todas as diferenças, as fábricas do Patek Philippe e da Stamps
têm uma coisa em comum: a precisão suíça com que cada
peça é colocada manualmente nos relógios.