20/02/2002 - 7:00
Há um mistério envolvendo a família Rosset, proprietária de um dos maiores grupos têxteis da América Latina. Há quatro meses, o caçula de quatro filhos de Henrique Rosset, o controlador da holding que leva o seu sobrenome, resolveu assumir a mais nova empresa do grupo, a CMR ? as fabricantes de lingeries Liz e Ajna. Desde que pegou o leme da companhia, Carlos Rosset desvinculou-a da controladora e também das empresas-irmãs Valisère, Salete, Cia. Marítima, DuVal e Track&Field. Sozinha, a Liz vem surpreendendo a concorrência. O desmembramento poderia ser apenas uma estratégia do Grupo Rosset para alavancar a empresa, mas o silêncio em torno do episódio vem levantando suspeitas no mercado. Nos bastidores da empresa circula a versão de que este pode ser o primeiro indício de uma briga sucessória e o caçula teria exigido a sua parte. Amigos próximos afirmam, entretanto, que Carlos só queria assumir um novo desafio em sua carreira. O empresário não quer comentar o assunto.
Carlos assumiu uma empresa que era tida como patinho feio do Grupo Rosset. Desde então, vem multiplicando os negócios em uma proporção de fazer inveja às demais companhias da holding. Vamos aos números: em 1997, a Liz produzia 40 mil peças por mês. No ano passado, da fábrica de 710 funcionários em Jundiaí, no interior do Estado, saíram 450 mil unidades de meias, calcinhas e sutiãs. O crescimento surpreende, mas a empresa quer mais. Afinal, tem pela frente o desafio de abocanhar um universo estimado de 9 milhões de peças de lingerie de marca vendidas anualmente no Brasil. Só para se ter uma idéia, a líder de mercado, Valisère, produz mais de 1 milhão de peças por mês. ?Faturamos R$ 45 milhões em 2001?, comemora a gerente de marketing da Liz, Lígia Buonamicci Costa.
Cosméticos. Nada mal para uma empresa que foi criada em 1989 apenas para fabricar meias femininas de lycra. Cinco anos depois, o negócio dava tão certo que a Liz resolveu se aventurar num negócio novo e passou a fabricar também peças de lingerie. Batia de frente com a tradicional Valisère, que foi adquirida pelo grupo em 1986, mas tinha um diferencial: era voltada a mulheres jovens e das classes A e B. Isso deu um fôlego extra à companhia. Um dos pontos fortes foi o lançamento de produtos inovadores e modernos ? como as lingeries ?cosméticas?, que aumentam o seio ou diminuem o culote ? e a experimentação de tecidos. É da Liz, por exemplo, a primeira lingerie de microfibra hidrófila ? um tecido sintético que deixa o corpo respirar. A novidade já é responsável hoje por 53% das vendas da empresa.
A caçula Liz não quer parar por aí. ?A idéia é lançar uma nova linha por ano?, garante a gerente de marketing. Afinal, desde 1997 a empresa vem fazendo isso. Este ano, espere por mais novidades. A marca da flor vai lançar blusinhas que combinam com as meias e a lingerie. Quer crescer outros 12%. Com ou sem o aval do Grupo Rosset.