01/04/2014 - 13:10
Depois de subir 7,1% em março, reduzindo as perdas do primeiro trimestre para 2,1%, o principal indicador do mercado acionário brasileiro apresentou um desempenho negativo no início dos negócios de abril e do segundo trimestre. Mesmo assim, o comportamento da bolsa vem melhorando no decorrer do dia, indicando uma propensão dos investidores a apostar em ações baratas.
O retorno dos investidores internacionais, declarações de Janet Yellen, presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) e, principalmente, a constatação de que as empresas brasileiras estão baratas, vêm atraindo investidores internacionais ao mercado de renda fixa.
A depreciação do real diante do dólar e a elevação dos juros tornam esses investimentos internacionais potencialmente mais rentáveis, e o dinheiro vem. Uma fração dele desvia-se e migra para as ações, mas esse percentual tem sido suficiente para fazer o Índice Bovespa retornar ao “nivel psicológico” de 50.000 pontos.
No entanto, o desempenho das ações tem sido ruim no acumulado do ano. No primeiro trimestre, o melhor investimento foi uma commodity especulativa, volátil e pouco negociada, o ouro.
Segundo dados da empresa de informações financeiras Economática, nos três primeiros meses de 2014, o metal apresentou uma valorização de 3,87%, superando a inflação de 2,55% medida pelo IGP-M e os 2,10% estimados para o IPCA (a estimativa para o percentual referente a março, ainda não divulgado, é de 0,85%).
“O investidor ainda está reticente com as aplicações na renda variável e temeroso da inflação, por isso busca se proteger da alta de preços comprando ouro”, diz o consultor financeiro independente paulista Fernando Costa.
Ele adverte, porém, que essa é uma péssima ideia. “O ouro é pouco negociado, tem um perfil especulativo e seus preços são exageradamente voláteis”, afirma. Os preços do ouro avançaram 6,74% em janeiro e 2,17% em fevereiro, mas caíram 4,75% em março.
Com exceção do ouro, nenhuma das demais aplicações foi capaz de derrotar a inflação. A taxa de juros referencial de mercado, medida pelo CDI, acumulou uma valorização de 2,40% no trimestre e de 0,76% em março.
Apesar da contenção dos preços da energia e dos combustíveis, e a despeito da elevação dos juros pelo Comitê de Política Monetária (Copom), as aplicações de renda fixa apresentaram um mau desempenho.
Segundo Costa, as probabilidades de que isso mude são reduzidas. “A inflação permanece elevada devido à alta dos preços dos alimentos, e a convicção do mercado é que o Copom vai demorar para elevar os juros”, diz ele. A poupança foi pior ainda, com um ganho de 1,78% ao longo dos três primeiros meses do ano.