Serena Williams, uma das maiores tenistas da história, quer investir no Brasil. Depois de vencer 23 torneios de Grand Slam e conquistar quatro medalhas de ouro em Olimpíadas, a esportista criou uma gestora de recursos, a Serena Ventures, que, em março, anunciou seu primeiro fundo, de US$ 111 milhões, e prepara mais outro. “Tenho muito interesse em investir na África, na América Latina e o Brasil seria um excelente alvo.”

A gestora fará uma nova rodada de captação em breve, contou Serena. E os recursos podem vir para o mercado brasileiro e de outros países da região, buscando, por exemplo, projetos liderados por mulheres e negros. “Não queremos ser uma gestora que faz a mesma coisa há 100 anos”, afirmou a esportista. O desejo é “abrir portas e desbravar mercados”. Por isso, não pretende investir só nos EUA e já tem empresas da África em sua carteira.

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Serena veio ao Brasil para participar de um evento da XP com investidores realizado na última quinta-feira, 4. Para um auditório lotado, ela contou deu os primeiros passos no mundo dos investimentos há 9 anos.

Ela disse que sempre que estava nas quadras de tênis ou assistindo partidas, prestava atenção nos patrocinadores e se perguntava por que não poderia investir nessas companhias. Assim, começou a estudar em São Francisco e a se reunir com empresas, principalmente startups, para tentar aprender mais sobre o mundo dos negócios.

Serena contou que, na época, nem sabia o que era chamado “estágio inicial” em uma empresa e acabou fazendo investimentos ruins. “Mas acabei aprendendo muito sobre due diligence (a análise das contas de uma empresa) e a importância de você se informar antes de fazer um investimento”, disse a tenista.

Segmento

A Serena Ventures investe em empresas em estágio inicial, por meio de um fundo de venture capital. “Há uns quatro anos, talvez 5, decidi lançar a Serena Ventures.” O foco da gestora, que se intitula como uma firma não tradicional de investimentos, é investir em “mercados negligenciados, subestimados e incipientes”.

Assim como no esporte, Serena contou que o mundo dos investimentos é parecido. “É preciso muita dedicação.” Ao longo de mais de 30 anos de carreira no tênis, ela contou que conseguiu contatos que hoje são úteis para os negócios.

Mulheres

Em um evento do JPMorgan em Miami, Serena contou que descobriu que menos de 2% do dinheiro dos fundos de venture capital iam para empresas lideradas por mulheres. “E a gente está falando de bilhões e bilhões de dólares, quem sabe até trilhões. Na hora pensei, isso não pode ser verdade e quis checar.”

Ao constatar que a estatística era real, Serena disse que pensou em mudar essa história. “O jeito de mudar essa estatística é ter uma mulher negra assinando os cheques para outras mulheres. Os homens gostam de fazer cheques para outros homens”, afirmou a tenista.

A Serena Ventures já investiu em 60 empresas, das quais 13 são unicórnios (startups com valor acima de US$ 1 bilhão). Da carteira da gestora, 68% são de empresas fundadas por mulheres, muitas delas negras. “As pessoas falam muito de inclusão e diversidade. Investimos em todo mundo.”

Ainda sobre a carteira da gestora, 76% são de empreendedores sub-representados na sociedade americana – 47% são negros e 12%, latinos. Uma das investidas, a Infinite Objects criou uma espécie de porta-retrato que na verdade transmite um vídeo permanente, como uma ideia de tirar essas imagens dos celulares e dos laptops para ficar, por exemplo, em uma estante ou mesa.

Em outros setores, a gestora investe hoje em alimentos, educação, finanças, companhias de criptoativos, além de iniciativas focadas em clima e em esportes.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.