O ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (MDB) prestou o primeiro depoimento, nesta segunda-feira, 20, na Justiça Federal, desde que deixou a prisão em dezembro de 2022. Ele depôs no processo em que é acusado de repassar propina ao ex-governador Luiz Fernando Pezão (MDB). Com dores decorrentes de três hérnias, Cabral chegou a 7ª Vara Federal Criminal do Rio em uma cadeira de rodas.

Cabral prestou um novo depoimento na ação em que havia sido condenado pelo juiz Marcelo Bretas, na Operação Lava Jato, pelo pagamento de propina ao correligionário de partido, Pezão. A sentença, no entanto, foi reformada em abril do ano passado, e Pezão absolvido. O caso voltou a tramitar na primeira instância após a decisão do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2).

Em um vídeo nas redes sociais, o ex-governador explicou porque precisou do amparo de uma cadeira de rodas para o novo depoimento.

“Estou vendo na rede uns caras de pau dizendo que eu fui prestar depoimento de cadeira de rodas hoje, mas que eu treinei também. Eu não treino há mais de dez dias. Fiz uma cirurgia no dente na segunda-feira passada, com pontos, entrou pelo osso… Façam isso não. Falta do que fazer. Fui à 7ª Vara prestar depoimento de cadeira de rodas porque senão não conseguia chegar lá”, afirmou.

Em outra publicação, Cabral disse que precisa passar por uma ressonância magnética e que, para isso, precisará solicitar a retirada da tornozeleira eletrônica.

“Compartilho com vocês uma situação de muita dor. Eu tive uma crise no sábado em que eu fui parar no hospital. Fui fazer uma tomografia. Estou com problemas de hérnia. Preciso fazer a ressonância, só que eu uso tornozeleira. Então, minha advogada está entrando na Vara de Execuções Penais para autorizar que eu faça a ressonância. Com a tornozeleira não dá porque estraga a máquina. Dói muito. Eu fui prestar depoimento na 7ª Vara, fui muito bem tratado, com muito respeito, mas difícil… Dói muito”, afirmou.

A tornozeleira foi uma das medidas cautelares impostas ao ex-governador em dezembro de 2022, após ele deixar a Unidade Prisional da Polícia Militar em Niterói, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. O ex-governador também não pode se ausentar de sua residência, exceto mediante autorização da Justiça, e só poderá receber visitas de parentes até terceiro grau, advogados e profissionais de saúde.

A Justiça ainda proibiu a visita de colaboradores da Justiça, de outros investigados, em especial da Operação Lava Jato, e a realização de festas ou eventos sociais na casa onde o ex-cacique do MDB cumpre prisão domiciliar.

O ex-governador cumpria prisão preventiva desde 2016. As prisões preventivas não têm prazo definido, mas devem ser revistas a cada 90 dias pelo juiz responsável. Elas podem ser determinadas para evitar interferências em investigações ou a continuidade de crimes, por exemplo.