O diretor de Política Monetária do Banco Central (BC), Bruno Serra, ao responder perguntas sobre se há espaço para redução de juros no Brasil, disse que, no curto prazo, nunca teve no debate a possibilidade de redução de taxa de juros. Ele disse que a taxa de juros é uma variável de ajuste da macroeconomia em qualquer lugar do mundo e que o BC usa as expectativas do mercado entre a grande gama de informações e dados que a autoridade monetária usa para executar a sua política monetária.

Essas expectativas, de acordo com o diretor, se deterioraram recentemente e a autoridade monetária entendeu que a Selic terá que permanecer no atual patamar por mais algum tempo.

Serra, que participa de evento em Macaé, no litoral Norte do Rio, ponderou que em inflação pode ocorrer choques de oferta e demanda, o que pode alterar o plano de voo do BC, mas reforçou que no curto prazo nunca esteve em debate queda da Selic.

Ao contrário, disse o diretor do BC, “temos desafios pela frente”. “Os núcleos de inflação estão por volta de 9% ainda. Os núcleos de inflação estão bem acima do que seria consistente com nossas metas”, acrescentou.

“Reavaliando o cenário, as contas pioraram um pouco. Vai precisar segurar a taxa de juro por mais tempo”, disse Serra, acrescentando que o descolamento das expectativas de inflação é que fez a inflação subir.

E, segundo ele, quando os agentes econômicos têm dúvidas sobre as metas – seja por ela ser inalcançável, seja pela possibilidade de a meta ser discutida -, a consequência é maior dificuldade à missão do BC de segurar a inflação. Além disso tudo, de acordo com Serra, o pacote fiscal apresentado pelo ministério da Fazenda, com promessas de cortes de gastos e recomposição de receitas, aliviou pouco as projeções dos agentes.