Corporações montam estandes na feira Gamescom para apresentar atividades que dialogam com mundo dos jogos mas também prospectar jovens candidatos a integrarem suas fileiras.O Serviço Federal de Inteligência da Alemanha (BND) e as Forças Armadas da Alemanha (Bundeswehr) montaram estandes na feira internacional de games Gamescom, que abre ao público nesta quinta-feira (21/08) na cidade de Colônia, no oeste do país.

Na agenda das duas instituições alemães está não apenas a apresentação de atividades que evidenciam as interfaces de sua atuação com o universo dos jogos, mas também a busca por novos talentos para integrar suas fileiras

Com 100 metros quadrados e 40 funcionários de plantão, todos usando polos azuis com o logotipo branco da agência, o estande do BND chama a atenção na feira. No local, visitantes podem testar o jogo “BND Legends – Operation Blackbox”, no qual os participantes assumem a identidade de um agente infiltrado para impedir um ciberataque.

O game, que o BND planeja disponibilizar em uma plataforma pública, testa a habilidade dos jogadores em diversas situações específicas.

A porta-voz da agência, Julia Linner, argumenta que a presença no evento ajuda as pessoas a conhecerem melhor a agência, tomada como uma “caixa-preta” para muitos.

Além disso, porém, ela afirma que o órgão procura profissionais qualificados e entende que a feira é um bom lugar para encontrá-los. “Há semelhanças entre as pessoas que gostaríamos de ter em nossas fileiras e os visitantes da Gamescom: ambos têm afinidade com tecnologia, gostam de assumir diferentes papéis e identidades, embarcar em missões e descobrir conexões”, disse.

Bundeswehr quer ampliar recrutamento

As Forças Armadas alemãs também tentam atrair interessados na Gamescom por razões semelhantes. No estande da Bundeswehr, os visitantes podem usar simuladores para dirigir tanques e pilotar helicópteros; ou ainda realizar um treino físico real usando coletes à prova de balas sob um enorme cartaz com a frase: “Você está pronto para o próximo nível?”

A Unidade de Guerra Eletrônica das Forças Armadas Alemãs (Eloka) também está presente, onde um soldado aprimorou um jogo simples usando inteligência artificial. O estande tem 150 metros quadrados.

Assim como Linner, o porta-voz do exército Marco Mann defende que a exposição da Bundeswehr, presente na feira desde 2009, é importante para os jovens verem as Forças Armadas como um empregador atraente.

O serviço militar obrigatório foi abolido na Alemanha em 2011, mas há pressão nacional e na Europa para ampliação dos contingentes militares.

“Estamos onde está nosso público-alvo”, disse Mann. Não há estatísticas sobre quantas novas contratações podem ser atribuídas ao evento.

Os visitantes do estande parecem, ao menos, curiosos. Um jovem casal afirma que “só queria dar uma olhada”, um rapaz acha “meio legal”, e um homem de meia-idade relembra de forma nostálgica o tempo em que foi recruta.

Críticos veem risco no movimento

Críticos, no entanto, questionam a estratégia. Ativistas como Jürgen Grässlin, da Sociedade Alemã para a Paz (DFG), argumentam que o Exército não tem qualquer motivo para participar do evento.

“Nos chamados jogos de tiro, gamers simulam matar em diferentes papéis, sendo recompensados com pontos de bônus por eliminar inimigos”, critica Grässlin. “Se alguém contratado pela Bundeswehr leva isso adiante, o jogo virtual com armas pode se transformar em realidade brutal no campo de batalha.”

gq (DPA, OTS)