Os servidores do Banco Central aprovaram novas paralisações parciais na terça-feira e na quinta-feira da semana que vem e vão deliberar na próxima assembleia sobre o início de uma operação padrão em julho diante da insatisfação com o tratamento sobre as demandas da categoria no governo. Na operação padrão, há paralisações parciais todos os dias e maior lentidão na prestação de serviços.

A categoria também pediu uma audiência com o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, “para tentar destravar o diálogo e evitar a necessidade de radicalização do movimento”.

“Ontem, integrantes do Ministério da Gestão voltaram a negar às entidades representativas do corpo técnico do BC o avanço imediato da pauta de Reestruturação de Carreira sem impacto financeiro, bem como apresentaram todo tipo de dificuldades em relação às outras demandas – em contraponto evidente ao tratamento amistoso e favorável dado aos servidores da Receita Federal”, disse, em nota, o presidente do Sindicato Nacional dos Funcionários do BC (Sinal), Fábio Faiad.

Dentre as demandas do BC, estão um bônus de produtividade, similar ao que será regulamentado para a Receita. No fim da greve do ano passado, que durou três meses, o governo Jair Bolsonaro prometeu que daria prosseguimento à pauta não salarial, que inclui também a exigência de ensino superior no concurso para técnicos do BC.

No ofício enviado a Haddad, Faiad disse que foram reportadas “toda a série de dificuldades que enfrentaram em 2021 e 2022 com Roberto Campos Neto”, mas também o descaso do Ministério da Gestão.

No manifesto, os servidores reclamam que a diretoria colegiada do BC estava se calando sobre os problemas da categoria.

Nas últimas semanas, contudo, alguns diretores têm saído em defesa da carreira, como o diretor Renato Gomes, em entrevista ao Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), e o diretor Maurício Moura, em live semanal do BC. Hoje, o diretor de Fiscalização, Paulo Souza, que é de carreira, fez uma defesa enfática da valorização da carreira.

“O BC vem passando por uma crise institucional. Tivemos a maior greve da história. Em 25 anos de carreira, eu nunca vi…O BC sofreu um desmonte nos últimos 10 anos”, disse ele.

Os servidores também reclamaram da assimetria salarial interna da carreira de especialista com a de procurador do órgão.

“Por fim, os servidores destacaram que a responsabilidade pela política atual de taxa de juros não é responsabilidade dos servidores do BC, mas sim dos 9 Diretores integrantes do Copom”, finalizou Faiad, sobre o ofício a Haddad.