Por Rodrigo Viga Gaier

RIO DE JANEIRO (Reuters) – Os primeiros passos rumo à geração eólica offshore no Brasil começam ser dados em 2023, com perspectiva de um primeiro leilão de cessão do uso do mar no primeiro semestre do ano que vem, disse à Reuters a presidente da Associação Brasileira da Energia Eólica (ABEEólica), Elbia Gannoum, nesta terça-feira.

Ela estima que o Brasil tem um potencial de 700 gigawatts para a fonte, sendo que já há projetos que somam 169 gigawatts para geração de energia no mar.

O Brasil já tem um marco regulatório ambiental e aguarda a regulamentação do decreto publicado em janeiro sobre marco contratual.

“Hoje já são 169 gigawatts na gaveta com pedido licenciamento no Ibama”, disse ela à Reuters, durante a Rio Oil & Gas.

Isso se compara com uma capacidade instalada total no Brasil, de todas a fontes de energia elétrica, de cerca de 190 gigawatts de energia.

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“Estamos falando de um novo Brasil só de geração eólica offshore. Nosso potencial é enorme”, acrescentou.

Segundo ela, “até fim da década devemos ter um parque offshore rodando”.

Até lá, aparecem no horizonte como desafios para o desenvolvimento da geração eólica no mar a infraestrutura submarina (cabos), adaptação de portos, estímulo à cadeia de fornecimento, entre outros.

O Brasil tem uma potência instalada de energia eólica em terra de 23 gigawatts, com fortes crescimentos nos últimos anos.

Estudos apontam que de 2015 a 2020 a energia eólica em terra teve uma queda de custos de 60% e a offshore, de 50%. A previsão é de que ao longo de cinco anos os custos caiam mais 40%.

A energia eólica representa hoje aproximadamente 12% da matriz nacional, mas no auge da crise hídrica em 2021 chegou a alcançar 20% da demanda.

A previsão é de expansão anual da geração da energia a partir do vento de ao menos 3 gigawatts/ano nos próximos dez anos, podendo alcançar 5 gigawatts anuais a partir de 2024/2025.

Os investimentos para esse acréscimo na oferta variam de 21 bilhões de dólares ao ano a 35 bilhões de dólares por ano, no caso de a previsão de capacidade mais alta ser alcançada.

Segundo a executiva, os investimentos em hidrogênio verde no Brasil, cuja principal fonte é a energia do vento, devem impulsionar o crescimento do geração eólica nos próximos anos.

“O Brasil será um importante player global de produção de hidrogênio verde e vamos precisar de uma quantidade maior de energia para atender esse hidrogênio verde”, destacou ela.

 

(Por Rodrigo Viga Gaier)

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