30/01/2015 - 0:00
Enquanto companhias de todos os setores estão anunciando cortes de custos e de pessoal para fazer frente aos tempos bicudos esperados para 2015, as empresas de meios de pagamento andam na direção contrária. Elas têm contratado pessoas, investido na implantação de controles e na melhoria dos processos. Não é, porém, uma demonstração do espírito animal do empresário.
O que as move é a necessidade de se adaptarem a duas resoluções do Banco Central (BC), a 4.282 e a 4.283, que regulamentam os meios de pagamento. Se não fizerem isso, elas serão obrigadas a fechar as portas. “Para conseguirem o aval de funcionamento do BC, as empresas terão de se adequar às práticas do mercado financeiro”, explica Fausto Ferraz, diretor executivo da Controlbanc, vinculada à Sênior Solution. “Elas vão precisar de controles internos, de departamentos de governança, compliance e auditoria interna e da adoção dos requisitos para impedir a lavagem de dinheiro.”
O processo de mudança é uma realidade para as empresas de pagamentos com faturamento acima de R$ 500 milhões ao ano. Já aquelas que faturam até R$ 500 milhões anuais têm até 2017 para se adequarem. Não será barato. A estimativa é de que os custos do processo somem até R$ 2 milhões para as grandes empresas e R$ 1 milhão para as pequenas e médias, o que poderá provocar um forte movimento de consolidação no setor.
No entanto, diz Ferraz, o processo deve ser iniciado logo, pois obter a autorização não é algo trivial. “É uma questão de vida ou morte. Quem não obtiver a autorização do BC terá trinta dias para fechar as portas”, ressalta. Além do custo de pedido de autorização, as empresas terão de arcar com a manutenção dos novos departamentos e precisarão publicar seus balanços de acordo com as normas Plano Contábil do sistema financeiro (Cosif), o que tornará a contabilidade mais cara.
Outra tendência visualizada por Ferraz é a possibilidade de que as instituições de maior porte tornem-se bancos. “Como estas empresas já terão todos os custos de uma instituição financeira, por que não passarem a atuar formalmente como tal?”, questiona. No entanto, Ferraz avalia que o momento é de espera. “Os investidores devem aguardar que a instituição consiga a autorização antes de qualquer passo”, acredita.