27/05/2025 - 9:31
Os meios de pagamento estão mais digitais, rápidos e integrados do que nunca. Mas essa evolução também exige atenção redobrada com um risco que segue constante: os ataques de engenharia social. Essa técnica, baseada na manipulação psicológica, continua sendo uma das formas mais eficazes — e perigosas — de fraude no setor financeiro.
O grande desafio é que esses golpes não exploram falhas técnicas, mas sim a confiança humana. O criminoso se passa por uma instituição legítima para induzir a vítima a clicar em links maliciosos, fornecer dados bancários ou autorizar uma transação indevida. As variações mais comuns incluem phishing (e-mails fraudulentos), smishing (mensagens de texto) e vishing (ligações telefônicas).
Empresas do setor têm reagido com o fortalecimento de protocolos antifraude, autenticação multifatorial e soluções de monitoramento em tempo real. Mas a estratégia mais eficaz passa por uma abordagem conjunta de combinar inovação com educação. “Não adianta construir uma fortaleza tecnológica se quem está do lado de dentro não sabe reconhecer um golpe. A engenharia social se aproveita justamente da rotina, da pressa e da confiança. Investir em tecnologia é importante, mas capacitar os usuários para reconhecer e evitar tentativas de fraude pode ser ainda mais”, afirma Helessandro Trajano, Gerente de Riscos da Entrepay.
E se esse tipo de golpe ainda é tão eficaz, é porque se reinventa constantemente. Uma pesquisa da Serasa Experian revelou que, em 2024, mais da metade dos brasileiros foram alvo de golpes financeiros, com um aumento de 17% em relação ao ano anterior, e atribui esse crescimento à disseminação de ferramentas de inteligência artificial, que permitem a criação de estratégias mais sofisticadas. Os fraudadores acompanham a evolução das tecnologias e do comportamento digital, adaptando suas abordagens com rapidez. Hoje, muitos ataques usam IA para personalizar mensagens, simular atendimentos reais e até gerar vozes sintéticas em ligações falsas. A engenharia social se atualiza com o tempo e é justamente essa flexibilidade que a mantém como uma das fraudes mais difíceis de conter.
“A segurança não pode ser pensada só como uma camada adicional ou uma etapa posterior. Ela precisa nascer junto com o produto, fazer parte do design das soluções desde o início. Quando a prevenção está integrada à experiência do usuário, o impacto real é muito maior”, conclui Trajano.