O setor exportador de carne bovina contabiliza prejuízos de US$ 170 milhões em uma semana por causa da paralisação dos caminhoneiros. Conforme o presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Antônio Jorge Camardelli, semanalmente o setor embarca ao exterior 40 mil toneladas de carne bovina, volume que não tem chegado aos portos desde a terça-feira da semana passada – o movimento foi deflagrado na segunda-feira, dia 21. Camardelli participou nesta tarde de reunião com o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, para discutir as consequências da greve para o setor de proteína animal, durante o Fórum de Investimentos Brasil 2018, em São Paulo. Participou também do encontro o vice-presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Rui Vargas.

Camardelli alertou para os riscos de o Brasil ser substituído, como país exportador de carne bovina, por algum concorrente no mercado externo. Também contou que missões para habilitar frigoríficos no País começam a ser canceladas. “O Chile vinha segunda-feira (4) e já cancelou”, informou. “Estamos com 120 frigoríficos associados paralisados, sem abates. Sem abates, não é possível haver auditoria para exportação”, lamentou Camardelli. Segundo ele, 1,4 mil caminhões estão parados nos bloqueios, com produtos perecíveis.

Em relação ao mercado interno, o dirigente da Abiec alertou que uma das consequências da greve dos caminhoneiros para a população é o aumento de preços das carnes em geral. “Teremos que aumentar preço para compensar o estrago feito, tanto no mercado interno quanto no externo”, afirmou. Para minimizar o efeito da falta de transporte na atividade do setor, disse ser necessário mais crédito. “O governo disse que vai dar suporte”, confirmou. “Sem crédito, teremos um problema a mais, que pode se refletir em mais inflação.”

O representante da cadeia exportadora de carne bovina assinalou que se o problema não se resolver até esta quinta-feira o ciclo exportador da proteína também será quebrado, a exemplo do que disse o ministro Blairo Maggi sobre a cadeia de aves e suínos. “Tenho contratos de produção, um contrato em carteira e um navio no mar. Sem transporte, toda essa sequência fica quebrada”, disse. “Não recebo mais contêiner vazio que vem do porto e, por consequência, eu perco navios que poderiam embarcar a carne.” Camardelli disse esperar que a partir de agora o governo tome medidas mais firmes para romper os bloqueios e atitudes “mais enérgicas” para resolver o problema “o quanto antes”.