Sob os efeitos econômicos da pandemia do novo coronavírus, o setor público consolidado (Governo Central, Estados, municípios e estatais, com exceção de Petrobras e Eletrobras) apresentou déficit primário de R$ 81,071 bilhões em julho, informou nesta segunda-feira, 31, o Banco Central. Em junho deste ano, havia sido registrado déficit de R$ 188,682 bilhões.

O resultado primário reflete a diferença entre receitas e despesas do setor público, antes do pagamento da dívida pública. Em função da pandemia, cujos efeitos econômicos se intensificaram em março, o governo federal e os governos regionais passaram a enfrentar um cenário de forte retração das receitas e aumento dos gastos públicos.

O déficit primário consolidado do mês passado ficou dentro do intervalo das estimativas de analistas do mercado financeiro ouvidos pelo Projeções Broadcast, que iam de déficit de R$ 96,618 bilhões a déficit de R$ 80,200 bilhões. A mediana estava negativa em R$ 85,050 bilhões.

Composição

O resultado fiscal de julho foi composto por um déficit de R$ 88,141 bilhões do Governo Central (Tesouro, Banco Central e INSS).

Já os governos regionais (Estados e municípios) influenciaram o resultado positivamente com R$ 6,281 bilhões no mês. Enquanto os Estados registraram um superávit de R$ 6,757 bilhões, os municípios tiveram resultado negativo de R$ 477 milhões. As empresas estatais registraram superávit primário de R$ 790 milhões.

A projeção oficial do Tesouro para o rombo fiscal em 2020 é de R$ 787,4 bilhões, considerando apenas o Governo Central. O montante equivale a cerca de 11,0% do Produto Interno Bruto (PIB).

Acumulado do ano

As contas do setor público acumularam um déficit primário de R$ 483,773 bilhões no ano até julho, o equivalente a 11,89% do PIB, informou o Banco Central. Este resultado foi consequência do desempenho registrado nos últimos meses, em meio aos efeitos da pandemia do novo coronavírus na economia. Somente em julho, houve déficit primário de R$ 81,071 bilhões.

A projeção oficial do Tesouro para o rombo fiscal em 2020 é de R$ 787,4 bilhões, considerando apenas o Governo Central. O montante equivale a cerca de 11,0% do PIB.

O déficit fiscal no ano até julho ocorreu na esteira do déficit de R$ 505,382 bilhões do Governo Central (12,42% do PIB). Os governos regionais (Estados e municípios) apresentaram um superávit de R$ 18,062 bilhões (0,44% do PIB) no período. Enquanto os Estados registraram um superávit de R$ 18,488 bilhões, os municípios tiveram um saldo negativo de R$ 426 milhões. As empresas estatais registraram um resultado positivo de R$ 3,547 bilhões no período.

12 meses

As contas do setor público acumulam um déficit primário de R$ 537,143 bilhões em 12 meses até julho, o equivalente a 7,48% do PIB, informou o Banco Central.

O déficit fiscal nos 12 meses encerrados em julho pode ser atribuído ao rombo de R$ 568,205 bilhões do Governo Central (7,92% do PIB). Os governos regionais (Estados e municípios) apresentaram um superávit de R$ 16,100 bilhões (0,22% do PIB) em 12 meses até julho. Enquanto os Estados registraram um superávit de R$ 19,292 bilhões, os municípios tiveram um saldo negativo de R$ 3,192 bilhões. As empresas estatais registraram um resultado positivo de R$ 14,963 bilhões no período.

Déficit nominal

O setor público consolidado registrou um déficit nominal de R$ 86,909 bilhões em julho. Em junho, o resultado nominal havia sido deficitário em R$ 210,161 bilhões e, em julho de 2019, deficitário em R$ 30,263 bilhões.

No mês passado, o Governo Central registrou déficit nominal de R$ 91,010 bilhões. Os governos regionais tiveram saldo positivo de R$ 6,630 bilhões, enquanto as empresas estatais registraram superávit nominal de R$ 471 milhões.

O resultado nominal representa a diferença entre receitas e despesas do setor público, já após o pagamento dos juros da dívida pública. Em função da pandemia do novo coronavírus, que reduziu a arrecadação dos governos e elevou as despesas, o déficit nominal tem sido mais elevado nos últimos meses.

No ano até julho, o déficit nominal somou R$ 663,224 bilhões, o que equivale a 16,30% do PIB.

Em 12 meses até julho, há déficit nominal de R$ 875,263 bilhões, ou 12,19% do PIB.