Dados da Associação Brasileira das Empresas Importadoras de Veículos Automotores, a ABEIVA, a entidade que representa as principais marcas, revelam que, em 2006, as vendas de carros de luxo totalizaram 6.277 unidades ? 7,3% a mais do que no ano anterior. Além do real valorizado, os revendedores apontam um outro fator crucial para o crescimento do mercado: o financiamento. Isso mesmo, o que era restrito aos carros populares, com valores mais modestos, agora pode ser encontrado nas concessionárias de automóveis que chegam a custar mais de de R$ 700 mil. ?O financiamento só vale a pena se o juro pago pelo credor for menor do que o rendimento obtido se o dinheiro fosse aplicado?, diz Louis Frankenberg, planejador de finanças pessoais da consultoria Certified Financial Planner. Quem parcela esse tipo de carro, contudo, não observa a compra como um investimento. Eles são, na verdade, sonhos sobre quatro rodas. De olho nisso, as montadoras passaram a facilitar a aquisição desses objetos de desejo.

A italiana Maserati, por exemplo, debutou nesse segmento, no mês passado, ao iniciar o parcelamento do Maserati Quattroporte. A marca resolveu financiar 14 unidades do portentoso sedã com motor de 400 cavalos de potência e um preço sugerido de R$ 720 mil. ?É a primeira vez que a Maserati entra com uma ação desse tipo?, diz Eduardo Alves, diretor de vendas da Via Europa, a importadora oficial dos modelos italianos. De acordo com o executivo, a idéia de parcelar o automóvel surgiu depois que a empresa percebeu que muitos consumidores queriam comprar o carro, mas não dispunham de todo o dinheiro. A partir daí, a importadora desenvolveu o produto. A entrada é de 50% do valor do carro e o restante é dividido em 24 vezes com uma taxa de juro de 0,49%.?Com essa iniciativa, pretendemos abranger mais uma fatia do mercado?, explica Alves. O mercado de luxo brasileiro é visto como peculiar por executivos de marcas internacionais. Isso porque os consumidores têm o costume de parcelar os produtos, tenham o dinheiro para comprar a vista ou não. Ou seja, o parcelamento é tão comum quanto pechinchar no momento de assinar o cheque. A BMW, com larga experiência no País, sabe muito bem disso. Tanto é que, só no ano passado, dos 2.142 carros vendidos pela marca, 1.615 foram financiados. Para administrar toda essa demanda, a importadora conta com o BMW Serviços Financeiros, o braço financeiro do grupo. ?Nosso foco é oferecer serviços personalizados para o cliente?, diz Jan Oehmicke, diretor presidente da BMW Serviços Financeiros.

A montadora, entretanto, não possui uma forma de pagamento específica. ?Estudamos histórico de crédito do cliente no mercado e seu histórico de fluxo de caixa. Só aí negociamos?, especifica Oehmicke. Em média, o comprador da grife dá uma entrada de 25% e o resto é parcelado em dois ou três anos a juros de 1% a 1,6% ao mês, dependendo do modelo. De acordo com a importadora, os modelos mais financiados são a séries 3, 5 e 7.

A rival Mercedes-Benz não fica atrás. O banco Mercedes-Benz, que engloba os veículos da marca DaimlerChrysler, Mercedes-Benz, Chrysler, Dodge e Jeep, também financia todos o carros novos e usados comercializados pela marca. Na maioria dos automóveis, o cliente pode optar pelo leasing, que oferece prazo mínimo de 2 anos, sem a necessidade de aporte de recursos. Na compra do Classe B, por exemplo, da Mercedes, o cliente paga à vista 20% e o resto pode ser pago em até 60 meses, com juros de 1,14%. Para ter uma idéia da demanda de carros financiados pela importadora alemã, em 2005, foram vendidos 4% e, em 2006, esse número saltou para 13%. Vale tudo para ter o bólido na garagem.