A Coreia do Sul e Japão prometeram nesta segunda-feira durante uma rara cúpula bilateral em Seul cooperar para resolver o mais rapidamente possível as disputas históricas que envenenam as suas relações há décadas.

A presidente sul-coreana, Park Geun-Hye, e o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, indicaram que iriam fazer de tudo para avançar na questão altamente sensível das mulheres “conforto” – as milhares de mulheres asiáticas forçadas a se prostituir em bordéis do exército Imperial japonês durante a Segunda Guerra Mundial.

Esta foi a primeira vez que os dois líderes se encontraram para uma reunião do tipo.

Desde que chegou ao poder, em fevereiro de 2013, a presidente sul-coreana rejeitava qualquer ideia de cúpula bilateral enquanto Tóquio não resolvesse os litígios herdados do domínio colonial japonês (1910-1945).

Ninguém espera que este encontro permita resolver todos os problemas, mas apenas a sua organização já é considerada crucial para avançar no sentido de uma cooperação mais pragmática entre os dois vizinhos.

De acordo com muitos observadores, a Casa Branca pressionou Park para que suavizasse sua postura linha-dura vis-à-vis a Tóquio.

Os Estados Unidos preferem que seus dois mais próximos aliados militares na região trabalhem em conjunto sobre a forma de responder às ambições chinesas, ao invés de continuarem a cultivar os amargores do passado.

Na abertura da cúpula, Park ressaltou a necessidade de “curar as feridas do passado” e, posteriormente, indicou que nenhuma questão sensível havia sido evitada durante esta reunião.

“Os dois líderes concordaram em intensificar as consultas para tentar resolver a questão das mulheres ‘conforto’ tão rápido quanto possível”, informou a Casa Azul, a presidência sul-coreana.

Apesar de não ter apresentado novas desculpas sobre esta questão, Abe declarou após a cúpula que ambos os lados se sentiam na obrigação “de não deixar obstáculos às gerações futuras”.

O Japão acredita que as questões relacionadas com a guerra foram resolvidas em 1965 com o acordo que restabeleceu os laços diplomáticos entre Tóquio e Seul.

A intransigência de Park vis-à-vis o Japão é muito popular entre a opinião pública na Coreia do Sul, onde a suspeita é forte contra Abe.

Mas muitos sul-coreanos também defendiam a realização de uma cúpula bilateral entre os dois vizinhos para estreitar as relações que, apesar de tudo, os une comercialmente ou contra a ameaça para ambos os países da Coreia do Norte.

Durante o encontro, as duas capitais reafirmaram a necessidade de cooperar diante das ambições nucleares de Pyongyang.

Nesta segunda-feira, Park acolheu calorosamente Abe na Casa Azul, o que já constituiu uma clara evolução em relação aos encontros muito frios entre os dois líderes em eventos multilaterais anteriores.

“Lembrem-se que esta é a primeira cúpula entre os dois países em quase quatro anos. Assim, não devemos esperar muito”, disse o cientista político Hong Hyun-Ik, do Instituto Sejong da Seul.

“A chave é criar um canal de diálogo regular para depois permitir discussões e uma coordenação mais técnica”.

Os dois vizinhos também divergem sobre a soberania de ilhotas isoladas no Mar do Japão, as ilhas Dokdo, de acordo com nomeação da Coreia, e Takeshima pelo nome em japonês.

Situadas a meio caminho entre os dois países, as ilhas são controladas pela Coreia do Sul, mas reivindicadas por Tóquio.