29/09/2000 - 7:00
Ogrupo norte-americano Marriot, um dos maiores do setor de hotelaria do mundo e dono de faturamento de US$ 8,7 bilhões, quer se hospedar definitivamente no Brasil. Até o final deste ano, a companhia assina três novos empreendimentos no País e pretende investir mais de US$ 1,5 bilhão nos próximos cinco anos, sempre associado a grandes parceiros. Na bagagem, grifes como o Ritz Carlton, considerado o hotel mais sofisticado e luxuoso do planeta, e o Courtyard, especializado em servir quem viaja a negócios. A fome do Marriot por novos endereços está diretamente ligada ao bom desempenho de uma de suas bandeiras no País, o Renaissance, em operação desde 1998. Localizado numa das alamedas vizinhas ao coração financeiro de São Paulo, a Avenida Paulista, o hotel tem registrado um faturamento crescente: R$ 15 milhões no primeiro ano de funcionamento e R$ 30 milhões em 1999. Em seu melhor momento, a unidade, porém, decidiu fazer mudanças no time. Entra em campo um novo gerente geral: Craig Smith, 37 anos, americano de Virgínia, com passagens por outros países, como a República Dominicana, México e El Salvador. Apaixonado por futebol (o nosso, bem entendido!) desde os tempos de escola, o executivo encontrou aqui o ambiente ideal para sua fome de bola e ? de um bom placar. ?Queremos ficar ainda melhores?, frisa. Para 2001, ele planeja ampliar a receita do Renaissance para R$ 45 milhões. Na estratégia de Smith, não há recursos mirabolantes. Com a mesma simplicidade com que bate sua bolinha com os funcionários do hotel todos os sábados, ele diz: ?O fundamental é atender bem?. Ele acaba de inaugurar um moderno centro de negócios e instalou, nos mais de 400 quartos, sistemas de high-speed internet (que multiplica por 80 a velocidade de acesso à rede de computadores). Além disso, defende a unificação das equipes de vendas de todos os hotéis da rede no Brasil e quer, principalmente, participar diretamente de todas as contratações do Reinassance. ?Eu falo com todos os candidatos. O mais importante é que sorriam?, resume.
As perspectivas são positivas para os negócios do grupo no mercado nacional. Em novembro, haverá a inauguração de outro hotel com a marca Renaissance na Costa do Sauípe, na Bahia, no qual foram aplicados mais de US$ 150 milhões. No mês seguinte, será a vez de um apart-hotel em São Paulo, com investimentos de US$ 11 milhões. Até o final do ano, a companhia inaugura o primeiro Hotel Marriot, marca que ainda não havia aportado por aqui. A história da obra lembra uma novela. Afinal seu sócio era a Encol. A construção foi iniciada há cinco anos, interrompida entre 1997 e 1999 e só retomada depois que o próprio grupo Marriot assumiu o empreendimento. Mais de US$ 50 milhões foram aplicados para inaugurar a unidade em fevereiro.
Mas a companhia não quer ficar sozinha no negócio. Contratou a Unitas, empresa da área financeira, para formalizar uma operação de emissão de debêntures, com lastro imobiliário. É sempre com parcerias que o grupo trabalha: a Funcef (fundo de pensão da Caixa Econômica Federal) no Renaissance de São Paulo, a Odebrecht com uma pequena parcela no hotel do Rio de Janeiro e a Previ (do Banco do Brasil) no projeto da Bahia. ?Nós fazemos a administração do hotel, garantindo seu funcionamento e sua rentabilidade?, explica Flavius Ferrari, diretor de desenvolvimento da Marriot para o Brasil. Para ele, as oportunidades de crescer no País ainda são enormes. ?Encontraremos novas parcerias?, afirma. ?Graças à estabilidade da economia, o Brasil é um grande mercado a ser explorado.? Entre os Estados que deverão sediar novos hotéis do grupo, Ferrari cita São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Minas Gerais e Brasília.