A bordo de um carro elétrico, os visitantes percorrem as ruínas de Hanwang, Ali, podem ver os vestígios do que um dia foi uma cidade de 90 mil habitantes. Escolas, repartições públicas, edifícios residenciais e centros comerciais destruídos e tomados pela vegetação não deixam cair no esquecimento a devastação causada pelo segundo terremoto mais grave que atingiu a China.

Ocorrido em 12 de maio de 2008, o terremoto de Wenchuan, de magnitude 8 graus na escala Richter, provocou mais de 80 mil mortes e 375 mil feridos na província de Sichuan, no sudoeste do país.

Nove anos depois do grande tremor, a província com 91 milhões, a terceira mais povoada da China, conseguiu se reconstruir e registrou, em 2016, PIB (Produto Interno Bruto, soma de todos os bens e serviços produzidos) de 3,26 trilhões de iuanes (cerca de R$ 1,6 trilhão), o sexto maior de todo o país.

A consultora da Comissão de Desenvolvimento e Reforma de Sichuan, Kan Zelan, diz que a província é um reflexo da China, onde convivem o desenvolvimento e o atraso, com aspectos avançados na economia e outros de desigualdade, com pessoas ainda vivendo na pobreza nas áreas rurais.

“Na última década, Sichuan experimentou crescimento econômico rápido. Em 2007 e em 2008, o PIB local, entre as 31 províncias da China, ocupava os 16º e 17º lugares e, em 2016, ocupou o sexto lugar em todo o país”, disse Kan.

Graças à sua localização estratégica de proximidade com o Sudeste Asiático, a província tem se transformado no principal polo de comércio exterior do oeste do país. Segundo o representante do Escritório de Intercâmbio e Cooperação do Departamento de Comércio de Sichuan, Peng Chengliang, a economia local está baseada na exportação, e o volume de trocas com o exterior alcançou US$ 63 bilhões no ano passado.

Peng destacou que a província estabeleceu relações comerciais com 216 países e regiões do mundo e exporta, principalmente, produtos químicos, máquinas e equipamentos e automóveis. “Do Brasil, importamos soja e celulose”, comentou.

Um dos motores da economia local é a zona franca voltada para a exportação instalada no Parque Industrial de Alta Tecnologia de Chengdu, capital da província. Com incentivos fiscais para importar matérias-primas e para exportar os produtos acabados, a zona franca abriga 40 empresas entre nacionais e estrangeiras que fabricam eletrônicos, equipamentos de precisão para a aviação e medicamentos da indústria biofarmacêutica.

Outro destaque da economia de Sichuan é a empresa estatal Dongfang Electric Corporation (DEC), que produz geradores e turbinas para usinas de energia elétrica. Dali, saíram os equipamentos para a Usina de Três Gargantas, na província chinesa de Hubei, que tem maior potência instalada do mundo, com 22,5 mil megawatts (MW), e as peças para 22 unidades geradoras de 75 MW para a Usina Hidrelétrica de Jirau, em Rondônia.

“Entre 5% e 10% das receitas vão para a inovação tecnológica. Temos um departamento central voltado para pesquisa e desenvolvimento com 350 pesquisadores e estamos investindo cada vez mais em energias limpas”, disse o vice-presidente da DEC Internacional, Zhang Guorong.

*A repórter viajou a convite do Centro de Imprensa China-América Latina e Caribe