Rosto comum nas propagandas e nos logotipos, Sidney Oliveira, dono da Ultrafarma, foi preso na manhã desta terça-feira, 12, no âmbito da Operação Ícaro, do Ministério Público de São Paulo (MP-SP), que visa desarticular um esquema de corrupção envolvendo auditores.

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Aparecido Sidney de Oliveira tem 71 anos e fundou, em meados de 2000, a rede de farmácias Ultrafarma.

Nascido em 1954 em Umuarama, no Paraná, o empresário conta no site da empresa que começou a trabalhar em farmácias quando anda não tinha 10 anos de idade, vendendo remédios por conta nas cidades vizinhas – até comprar sua primeira farmácia e depois migrar para São Paulo na década de 1980, onde abriu a Drogavida, que chegou a ter 23 filiais espalhadas pela capital paulista e foi vendida posteriormente.

Depois, fundou a Ultrafarma com o propósito de vender medicamentos, especialmente os genéricos, a preços populares.

Essa estratégia, focada em grandes volumes de venda com margens de lucro reduzidas, fez a companha ganhar espaço e mudar o cenário do varejo farmacêutico no Brasil.

A companhia se consolidou como uma marca de grande apelo popular, atraindo uma vasta clientela que buscava economia no acesso a tratamentos de saúde, o que forçou a concorrência a repensar suas próprias estratégias de precificação.

Oliveira sempre atuou como garoto-propaganda da própria empresa, estampando seu rosto em embalagens, anúncios de televisão e em toda a comunicação da Ultrafarma, criando uma conexão pessoal e direta com o consumidor.

Em 2007, a Ultrafarma foi vencedora do Prêmio Top of Mind Internet, como a primeira marca de farmácia na internet. Atualmente, a empresa segue como líder do e-commerce de produtos farmacêuticos no Brasil, com mais de 4 milhões de clientes ativos e mais de 15 mil produtos.

A companhia não divulga seus dados publicamente, mas estima-se que o faturamento anual fique na casa do bilhão. Para efeito de comparação, a RD Saúde, antiga Raia Drogasil, faturou cerca de R$ 40 bilhões no acumulado do ano de 2024.

Vida pessoal

No âmbito pessoal, Sidney Oliveira é descrito como um empresário de hábitos simples e católico. Pai de 10 filhos, ele mantém uma vida relativamente discreta fora dos holofotes da mídia, exceto por suas aparições nos canais de comunicação da empresa.

Ele foi casado com Áurea Lima por 18 anos, até se divorciarem em 2009.

Em 2024 o empresário se casou com Sai Ponjan, em uma cerimônia tailandesa, após 8 anos de relacionamento.

O empresário é fã incondicional do cantor americano Bob Dylan (idolatrado também por Steve Jobs, o fundador da Apple).

Outros problemas com a Justiça

Ainda em meados de 2019, Sidney Oliveira foi acusado de sonegar impostos. Na ocasião, o fundador da Ultrafarma chegou a ter suas contas bloqueadas pela Justiça Federal de São Paulo.

À época, foi noticiado que ao menos sete empresas ligadas ao empresário deviam uma cifra total de quase R$ 3 milhões de impostos federais ao governo paulista.

As dívidas vinham de operações em que uma drogaria era fechada após a contração de uma dívida.

Conforme reportado pela IstoÉ Dineiro, já no início das atividades, nos anos 2000, Oliveira foi alvo de seus concorrentes, que o acusavam de envolvimento em casos de sonegação de impostos, fraudes na gestão de uma antiga farmácia e até de receptação de carga roubada.

Todavia, grande parte das suspeitas nunca foi comprovada pela Justiça.

“Se as acusações fossem verdadeiras, por que nunca me prenderam?”, disse Oliveira à época.

Como foi a prisão do dono da Ultrafarma

O empresário foi preso no âmbito da Operação Ícaro, que apura um esquema de corrupção dentro da Secretaria da Fazenda estadual.

A investigação aponta que auditores fiscais teriam recebido pagamentos que, somados, ultrapassam R$ 1 bilhão, para beneficiar empresas do varejo em questões tributárias.

Os servidores envolvidos atuavam no Departamento de Fiscalização.

O esquema incluiria manipulação de processos administrativos para reduzir ou quitar débitos tributários das companhias envolvidas e, em contrapartida, ao menos um auditor recebia por mês valores pagos por meio de uma firma registrada no nome da mãe dele.

Foram expedidos três mandados de prisão temporária: um contra o fiscal apontado como principal articulador e dois contra empresários ligados a empresas favorecidas.

Mandados de busca e apreensão também são cumpridos em residências e sedes corporativas ligadas à investigação.

A apuração é conduzida pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão aos Delitos Econômicos (Gedec), unidade do Ministério Público paulista dedicada a crimes contra a ordem econômica.

Além do dono da Ultrafarma, também foi preso no âmbito da mesma operação o executivo Mário Otávio Gomes, diretor estatutário da Fast Shop.