O conceito de “jogar fora” não existe quando se fala em resíduos sólidos urbanos. Se o lixo produzido pela sociedade não passar por algum processo de reaproveitamento, apenas muda de lugar. É despejado em outro local onde fica à espera da decomposição. De acordo com o Sistema Nacional de Informações do Saneamento (SNIS), órgão vinculado ao Ministério do Desenvolvimento Regional, o Brasil gerou 66,6 milhões de toneladas desses resíduos em 2020. Do que saiu das residências, apenas 1,9 milhão de toneladas (2,8%) passou por coleta seletiva. A urgência por ações conjuntas, envolvendo instituições públicas e privadas e a população, inseriu essa questão na estratégia de negócios de empresas como a SIG Combibloc, fabricante de embalagens longa vida.

A companhia tem investido em tecnologias, processos e matérias-primas que aumentem o potencial de reciclagem das mais de 48 bilhões de embalagens que produz por ano globalmente. “Temos o dever de aportar mais para a sociedade do que retiramos do meio ambiente”, afirmou o presidente da empresa para as Américas, Ricardo Rodriguez. Nas opções cartonadas, 75% da composição é papel de reflorestamento. “Estamos felizes com esse índice, mas não satisfeitos.” Segundo o executivo, a ambição da SIG é chegar à embalagem perfeita, que atenda por completo à demanda dos clientes e dos consumidores finais e seja totalmente sustentável, com pegada de carbono baixíssima. Essa busca levou à adesão a matérias-primas como monomaterial e plástico verde, de etanol de cana-de-açúcar, ambos com alta reciclabilidade.

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“Temos o dever de aportar mais para a sociedade do que retiramos do meio ambiente” Ricardo Rodriguez, presidente da SIG para as Américas.

Do lado de fora das plantas industriais, a companhia aposta em ações para estimular a conscientização ambiental e o valor da economia circular. A SIG é investidora semente do projeto Recicleiros Cidades, que desde 2018 integra processos de coleta seletiva, reciclagem e logística reversa. Um ponto alto da iniciativa é o suporte a políticas públicas municipais que promovam a coleta seletiva de resíduos, mas socialmente inclusiva, ou seja, que garanta circularidade e maior remuneração para a cadeia de reciclagem. Para Rodriguez, a gestão responsável da logística reversa é indispensável. Implantado em dez cidades, o Recicleiros entrará em funcionamento em mais quatro ainda este ano e em outras duas em 2023. Recentemente foi lançado um edital para mais 36 municípios. A expectativa é impactar 3 milhões de pessoas até 2027.

Outro exemplo é o Programa So+ma Vantagens, implantado em Curitiba, que estimula a adoção de hábitos mais sustentáveis. Os descartes recicláveis entregues em uma das três unidades de coleta viram pontos que são trocados por cursos de aperfeiçoamento profissional, descontos em lojas e produtos da SIG.

EXPANSÃO Entre dezembro deste ano e janeiro de 2023, a SIG vai inaugurar uma nova planta na cidade de Querétaro, no México. Com investimento inicial de 40 milhões de euros, a unidade terá capacidade de produzir 1 bilhão de embalagens e atenderá, além do México, Estados Unidos e Canadá. Enquanto isso, a instalação de Campo Largo (PR) segue como a única fábrica no continente. Segundo Rodriguez, muito em breve serão apresentadas novas tecnologias que tornarão os processos mais sustentáveis. “Por uma questão estratégica, ainda não posso dar detalhes.”

Inaugurada em 2011, a planta nacional já passou por cinco ampliações, e tem espaço para mais. Com operação 24 horas por dia, sete dias por semana, o potencial de produção vai de 4,5 bilhões a 5 bilhões de embalagens por ano. A SIG também tem forte atuação no desenvolvimento de soluções digitais para a indústria de alimentos, boa parte voltada a rastreabilidade e gestão de desempenho das fábricas. As inovações criadas por aqui têm ganhado destaque global. Aliás, sendo o Brasil o maior mercado da SIG no continente, não está descartada a hipótese de uma nova planta no País.