Silvina Batakis será a nova ministra da Economia da Argentina em substituição a Martín Guzmán, reconhecido por renegociar a dívida argentina, mas muito criticado pela influente vice-presidente Cristina Kirchner, em um momento de profunda crise no governo peronista.

A informação foi anunciada no domingo à noite em uma mensagem no Twitter do porta-voz do presidente Alberto Fernández, um dia após a renúncia surpreendente de Guzmán em um contexto de crise cambial, inflação de 60% ao ano e taxa de 37% de pobreza da população.

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Batakis, economista de 53 anos, foi ministra da Economia da província de Buenos Aires entre 2011 e 2015, e é próxima da vice-presidente. Ela trabalhava no ministério do Interior.

A nomeação de Batakis ocorreu após dois dias de intensas negociações políticas, em meio a uma crise de governo, com grandes divergências entre o presidente e a vice-presidente.

A nova ministra, nascida na Terra do Fogo (sul), estudou Economia na Universidade de La Plata e fez pós-graduação na Universidade de York (Reino Unido).

A gestão de Guzmán foi duramente questionada dentro da coalizão governista Frente de Todos (peronismo de centro-esquerda), em particular por Kirchner, que rejeita as medidas de ajuste fiscal estabelecidas com o FMI após o refinanciamento em março de uma dívida de cerca de US$ 44,5 bilhões.

Em sua carta de renúncia, Guzmán deu a entender que as divergências internas o levaram a deixar o cargo.

“Será primordial trabalhar em um acordo político dentro da coalizão governista para que quem me substitua (…) tenha a gestão centralizada dos instrumentos de política macroeconômica”, afirmou Guzmán em sua renúncia.

Sobre o tema, o economista Diego Bossio opinou que, além do nome da nova ministra da Economia, “o que tem que acontecer é paz política, ordem política, acordo político.

Há apenas uma semana, o Fundo Monetário Internacional aprovou a primeira revisão do programa de facilidades estendidas de 44,5 bilhões de dólares, correspondente ao primeiro trimestre deste ano, e autorizou um desembolso de 4,01 bilhões para o país sul-americano.

Nos dias seguintes, no entanto, houve fortes movimentos nos mercados, tanto dos títulos da dívida quanto do câmbio paralelo – na Argentina há um câmbio oficial e um paralelo, o dólar “blue” -, e o índice de risco-país medido pela agência JP Morgan ultrapassou 2.500 pontos.

O presidente Fernández chegou a dizer nesta semana que a economia argentina enfrenta “uma crise de crescimento”, que atribuiu à escassez de divisas.

No primeiro trimestre, o Produto Interno Bruto teve um crescimento de 6% em ritmo anual e o desemprego ficou em 7%.

As reservas internacionais brutas são de 42,471 bilhões de dólares, mas as líquidas são bastante inferiores, segundo analistas.