13/12/2019 - 7:01
Para o ex-diretor do Banco Central, Alexandre Schwartsman, os dados mais recentes de serviços, pelo peso que têm na economia, ajudam a confirmar a perspectiva de que o ano que vem será de um crescimento maior do que este ano. Ele também diz acreditar que o Banco Central ainda tem espaço para novos cortes dos juros básico, hoje em 4,5% ao ano. A seguir, trechos da entrevista.
O ano de 2019 começou com muito otimismo, depois houve uma correção de expectativas para baixo. Podemos mesmo esperar um 2020 melhor?
Este ano não tem muito o que mudar, dentro do universo de resultados prováveis para o Produto Interno Bruto (PIB) do quarto trimestre. Mas o crescimento de 0,8% do volume de serviços prestados em outubro, segundo o IBGE, sugere que a economia está em uma trajetória de crescimento para o ano que vem. Eu espero até 2,5% de crescimento.
Os juros básicos agora foram para 4,5% Ainda há espaço para novos cortes?
Sim. Não acho que estejamos no fim da trajetória de cortes de juros. Se a gente olha as projeções, se fala em 3,5% de inflação para 2020, 3,4% para 2021. Em ambos os casos, abaixo da meta (de 4% e 3,75%, respectivamente). Ainda tem algum espaço para redução dos juros e não é pouca coisa. Um pedaço desse reflexo de inflação vem do câmbio, que deve ficar na casa dos R$ 4,20 ano que vem. Os preços da carne bovina estão fazendo a inflação subir. Em novembro isso já aconteceu e agora, em dezembro, deve se repetir. Mas a hipótese mais forte é que isso seja um fenômeno temporário e que os preços continuem comportados em 2020.
Os juros mais baixos serão suficientes para que o consumo das famílias continue crescendo?
A gente nunca sabe se tudo é uma questão de melhorar o crédito para animar o consumo das famílias. A liberação dos recursos do FGTS ajuda, a massa salarial também ajuda. Mas muito do que eu vejo como aceleração de venda é uma reação ao juro mais baixo.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.