09/12/2022 - 12:19
SÃO PAULO (Reuters) – Anunciado nesta sexta-feira como futuro ministro da Casa Civil, o governador da Bahia, Rui Costa, ajudou a fundar o PT em 1980 e, assim como o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva tem histórico sindical, além de ser afilhado político do senador baiano Jaques Wagner, um dos nomes mais próximos de Lula no partido.
O atual governador baiano busca vender-se como um bom gestor, apontando o aumento dos investimentos em seu governo e no de Wagner, seu antecessor, e assumirá uma pasta que, nos dois mandatos anteriores de Lula, foi responsável pelo gerenciamento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), quando a titular da Casa Civil era Dilma Rousseff, eventual sucessora de Lula e apontada por ele como “mãe do PAC”.
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O presidente eleito disse, ainda durante sua campanha a um terceiro mandato, que pretendia recriar o PAC para impulsionar o crescimento econômico por meio de obras públicas e de infraestrutura.
Apesar de ter ajudado na fundação do PT na Bahia em 1980, Costa disputou sua primeira eleição apenas em 2000. Foi vereador em Salvador por dois mandatos e, em 2007, interrompeu o segundo deles para assumir a Secretaria de Relações Institucionais da Bahia, a convite de Wagner, que no ano anterior havia conseguido uma vitória surpreendente, em primeiro turno, contra o carlismo –movimento do falecido senador baiano Antônio Carlos Magalhães– que dominava o Estado.
Em 2010 conquistou uma cadeira na Câmara dos Deputados, mas rapidamete, em 2012 voltou a trabalhar com Wagner, reeleito no pleito de 2010, dessa vez como secretário da Casa Civil.
Nos 20 anos anteriores à sua primeira disputa eleitoral, Costa, de 59 anos e formado em Economia pela Universidade Federal da Bahia, atuou como desenhista projetista, técnico de instrumentação e projetista industrial.
No mundo sindical, foi diretor do Sindicato dos Químicos e Petroleiros da Bahia de 1984 a 2000 e também diretor da Confederação Nacional dos Químicos, de 1992 a 1998.
Após auxiliar Wagner em seus dois governos na Bahia, Costa foi escolhido pelo padrinho político para sucedê-lo na eleição de 2014, vencendo em primeiro turno, com 54,53% dos votos nomes tradicionais da política baiana, como Paulo Souto (do então DEM) e Lídice da Mata (PSB).
Em 2018, voltou a vencer em primeiro turno, dessa vez com impressionantes 75,5% dos votos válidos, derrotando o candidato do então DEM Zé Ronaldo.
Na eleição deste ano, Costa decidiu não se candidatar e permanecer à frente do governo baiano até o final do mandato, mas fez seu sucessor, seu ex-secretário de Educação Jerônimo Rodrigues, que venceu o ex-prefeito de Salvador ACM Neto (União Brasil) com 52,79% dos votos válidos no segundo turno.
PÚBLICO-PRIVADA
O governador baiano chegará à Casa Civil de Lula depois de conseguir vender, ao menos ao eleitorado baiano, a imagem de bom gestor. Com frequência afirma que sua gestão e a de Wagner no Estado conseguiram reduzir gastos com custeio da máquina e elevar o patamar de investimentos no Estado.
Costa é também um entusiasta das parcerias público-privadas (PPPs), tendo usado este instrumento durante sua gestão em áreas que vão da saúde à infraestrutura. Em evento nesta semana dos jornais O Globo e Valor Econômico, voltou a defender o mecanismo.
“Há que se discutir no país a volta do debate de políticas de Estado e não políticas de governo. Que, eventualmente, possam ter um plano de investimento com ou sem despesa orçamentária, mas com a participação pública”, disse na ocasião.
“A exemplo, nos Estados do Nordeste, tivemos uma grande elevação nos investimentos em projetos de PPP, que não têm o comprometimento orçamentário de imediato, mas oferta o serviço de imediato para a população.”
Por Eduardo Simões