18/05/2020 - 16:08
Uma coalizão internacional de sindicatos anunciou ter apresentado nesta segunda-feira uma denúncia ante a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) contra o grupo McDonald’s, que acusa de omissão na luta contra um “assédio sexual sistêmico” em suas lanchonetes em vários países.
A denúncia foi apresentada a um centro da OCDE na Holanda, que ficará a cargo da sua supervisão, segundo um comunicado. Estão citados na queixa dois bancos de investimentos, o holandês APG Asset Management e o norueguês Norges Bank, que controlam parte do capital da gigante mundial da fast-food, no total de cerca de 1,7 bilhão de dólares, segundo os sindicatos.
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A coalizão afirma que se trata da primeira denúncia de “assédio sexual sistêmico em uma multinacional” dentro dos princípios das diretrizes da OCDE, que prevêem, especialmente, que as multinacionais e seus acionistas respeitem direitos trabalhistas como a proteção dos funcionários contra a violência sexual.
Entre os depoimentos reunidos pelos sindicatos, estão acusações que vão desde “comentários vulgares até agressões físicas” sofridas por funcionários em Brasil, Austrália, Chile, Colômbia, França, Reino Unido e Estados Unidos.
“A violência de gênero e o assédio fazem parte da cultura do McDonald’s”, estimaram, citando “toques, beijos forçados e outras formas de contato físico não desejado, que são uma forma de agressão sexual que viola a integridade física das vítimas”.
“Os funcionários do McDonald’s alertaram há anos para o assédio sexual e a violência de gênero, mas a empresa, que possui desde a sua cúpula uma cultura apodrecida, não tomou medidas”, assinalou a secretária-geral do Sindicato Internacional de Trabalhadores da Alimentação, Sue Longley.
A denúncia está sendo estudada pelo governo holandês, que decidirá em três meses se dará início a um processo de mediação com a empresa. Segundo a queixa, o grupo McDonald’s, com sede nos Estados Unidos, delimita equivocadamente sua responsabilidade pelas condições de trabalho de seus funcionários, alegando que 90% de suas lanchonetes operam sob o regime de franquias.
A apresentação da denúncia na Holanda deveu-se, segundo os sindicatos, ao fato de aquele país ser o “centro nervoso” do McDonald’s na Europa e sede do banco APG.