04/09/2002 - 7:00
Nasceu apenas como uma ferramenta para facilitar as compras dos clientes da rede varejista Bompreço. Ganhou fama, extrapolou os caixas dos hipermercados e hoje é usado por 2 milhões de consumidores do Nordeste. O fenômeno chama-se HiperCard, um cartão de crédito que vem revolucionando o consumo na região. Vamos aos números. Mais de 50 mil estabelecimentos, de São Luís a Salvador, estampam nas vitrines o logo do cartão. São 55 milhões de transações ao ano, que movimentam cerca de R$ 3 bilhões. A participação nas vendas totais da região chega a 35%, rivalizando com gigantes como Visa e Mastercard. Se a medida for o mercado brasileiro, o HiperCard, mesmo com um raio de atuação restrito ao Nordeste, fica com uma fatia de 5% do bolo, tanto em quantidade de clientes como em volume de vendas. É mais do que registram, por exemplo, Dinners e American Express. Enfim, os nordestinos não saem de casa sem o HiperCard. ?Nem mesmo o mais otimista dos executivos do Bompreço poderia prever tamanha aceitação?, comenta Antônio Guimarães, vice-presidente de administração e finanças do grupo.
Marketing voluntário. O controle acionário da administradora Hipercard pertence atualmente à Ahold do Brasil, filial do grupo holandês Royal Ahold, que comprou o Bompreço em junho de 2000. Hoje, é a quinta maior emissora de cartões do Brasil, atrás apenas de Credicard, Bradesco, Banco do Brasil e Unibanco. Diferentemente das demais empresas do setor, a HiperCard não cobra tarifa de inscrição, tampouco anuidade. Parte de suas receitas (não divulgadas pela empresa) vem das taxas cobradas pela adesão de lojistas, além de uma espécie de royaltie dos bancos que trabalham com a bandeira. Há ainda a remuneração de seguradoras e demais parceiros que oferecem serviços extras como assistência desemprego, seguro de vida, tickets de alimentação. Funciona da seguinte forma: o HiperCard leva novos clientes às seguradoras, por exemplo, e o Grupo Bompreço recebe um pagamento por isso. ?É uma troca?, diz Guimarães.
A rápida expansão do cartão de crédito do Bompreço foi incentivada pelo próprio mercado. Primeiro foram os lojistas instalados dentro do hipermercado de Natal que pediram autorização ao grupo para trabalhar também com o HiperCard. O aumento nas vendas fez com que aqueles mesmos comerciantes transferissem o benefício para suas lojas fora do Bompreço. Daí em diante, o que se viu foi o fenômeno da multiplicação. 
