07/08/2015 - 20:00
O presidente mundial da Motorola, o americano Rick Osterloh, se especializou mais em apagar incêndios do que em vender celulares. O executivo, há sete anos na companhia, ganhou respeito e visibilidade ao liderar a reação da marca, fundada em 1928, que foi vendida para o Google quando os aparelhos de teclas ficaram obsoletos diante dos smartphones. Em abril do ano passado, ele foi promovido ao cargo máximo na empresa, logo depois da aquisição pela chinesa Lenovo, por US$ 2,9 bilhões. As vendas de celulares da Motorola dispararam 118%, em 2014. Não por acaso, Osterloh desembarcou no País na terça-feira 28, com a missão de turbinar a vendas num mercado em crise.
A Motorola decidiu lançar novos aparelhos em um momento de forte retração do consumo. Por quê?
O mercado brasileiro precisa ser visto no longo prazo. Só investe no Brasil quem olha o longo prazo. O mais importante não é como a economia está agora ou daqui a um ano, mas como estará no futuro.
A nova estratégia da Motorola está apoiada no modelo Moto Maker, que permite que cada aparelho seja personalizado, ao gosto do cliente. Como fazer isso em um País com logística complicada?
A logística é, de fato, nosso maior desafio. Mas estamos preparados, dentro e fora das nossas fábricas, para atender à demanda do mercado e conseguir entregar, no prazo combinado, o aparelho em conformidade com o que o cliente escolheu.
O Brasil corre o risco de perder a vice-liderança no ranking dos principais mercados da Motorola?
Não acredito. O mercado americano ainda é muito maior que o brasileiro, mas o potencial de crescimento no Brasil, nos próximos anos, é fabuloso. O consumidor brasileiro incorporou o uso do smartphone à sua vida de forma plena.
Como assim?
O consumidor brasileiro dorme ao lado do celular. Toma banho com o aparelho no banheiro. A grande maioria enxerga o smartphone como um acessório de design, não apenas pela funcionalidade.
Como se destacar diante de uma concorrência cada vez mais acirrada?
Existem smartphones para todos os gostos e bolsos. Queremos ser referência em custo-benefício. Nosso plano é oferecer os melhores aparelhos por US$ 500 a menos do que a marca líder.
O sr. se refere ao iPhone, da Apple, ou ao Galaxy, da Samsung?
Aos dois. Nossos aparelhos têm tudo o que eles oferecem, por um preço muito melhor. Posso citar como exemplo nossa bateria, que dura 42% mais do que a do Samsung Galaxy 6.
Mas a Motorola não tem a mesma reputação da Apple ou da Samsung em smartphones…
Temos, sim. Nossa marca é muito forte. Nos Estados Unidos, o índice de satisfação de nossos clientes é de 85%.
O que mudou na rotina da Motorola, depois que o Google vendeu a divisão de celulares para a Lenovo?
Há uma sinergia imensa. Temos transmitido muitos conhecimentos nossos em termos de tecnologia e pesquisa aos chineses. Já eles têm nos ensinado muito sobre como produzir em larga escala.
A empresa, atualmente, é mais chinesa que americana?
A Motorola é americana, embora não houvesse nenhum problema caso fôssemos chineses.
A Motorola resistiu a entrar no segmento de smartphones. Ficou algum trauma?
Nos últimos anos, abandonamos produtos que se tornaram irrelevantes, como telefones que não possuem conexão com a internet. Agora, trabalhamos diariamente para compreender as mudanças do mercado e atender às demandas dos consumidores. Precisamos estar focados naquilo em que há mais demanda.