18/05/2005 - 7:00
Eles são hoje uma espécie de patinho feio da indústria de fundos. Atualmente, as aplicações em fundos cambiais representam menos de 1% do volume total do setor. O motivo é a baixa cotação do dólar, que só neste ano já caiu mais de 7%. De olho na evolução negativa do câmbio, os investidores têm fugido dos fundos indexados à moeda americana. Do início do ano até a semana passada, o volume de saques nesses fundos somava cerca de R$ 660 milhões a mais que o total de depósitos. ?Fundo cambial é para quem vai precisar de moeda estrangeira no futuro. Como oportunidade de ganho, está longe de ser a melhor do mundo?, afirma o professor William Eid Júnior, coordenador do Centro de Estudos de Finanças da FGV-SP.
Para os especialistas, só deve investir em fundo cambial quem tem dívidas em moeda estrangeira ou pretende viajar ao exterior. ?O fundo cambial funciona como um hedge, uma proteção natural para o investidor não se preocupar com a cotação da moeda?, diz Francisco Costa, sócio da GAP Asset Management. ?Como investimento, o dólar perde de londe para a renda fixa?.
Para quem deseja especular, é bom ter em mente algumas projeções sobre a moeda americana. De acordo com o levantamento mensal realizado pela Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) junto a 54 instituições financeiras, a taxa de câmbio projetada para o final do ano é de R$ 2,80. Se essa previsão se concretizar, um investidor que entrasse em um fundo cambial hoje, com o dólar por volta de R$ 2,46, ganharia 13,8% em dezembro. Entretanto, alguns analistas acreditam que o dólar chegará em dezembro bem abaixo do estimado pelos bancos. ?Com o atual cenário, vejo o dólar entre R$ 2,60 a R$ 2,65 no final do ano?, prevê Sidnei Moura Nehme, diretor executivo da NGO Corretora de Câmbio. Nesse patamar, o ganho de quem resolvesse aplicar hoje em um fundo cambial seria menor ainda no fim do ano: menos de 8%. Abaixo, portanto, do CDI, que deve render 13% até dezembro.
Mas qual o risco de o dólar disparar? Muito baixo, respondem os analistas. O consenso é que a cotação da moeda americana deve até subir um pouco a partir do segundo semestre, quando muitas empresas exportadoras começarão a sentir o efeito negativo do dólar desvalorizado. ?Em algum momento, o governo vai interferir no câmbio, mas não com aquela agressividade que fez em março?, pondera Costa, da GAP. ?Mas enquanto a balança comercial estiver superavitária e sem risco de grandes abalos no cenário internacional, o dólar continuará em queda?. ![]()
Fuga
R$ 660 milhões é quanto saiu dos fundos cambiais entre janeiro e maio