NOS ÚLTIMOS 20 DIAS, quem passou em frente ao Empório Santa Maria, um dos mercados de alimentos mais refinados de São Paulo, só conseguia enxergar tapumes e betoneiras de concreto, no número 790 da movimentada avenida Cidade Jardim. Dentro do prédio de 1,6 mil metros quadrados, o caos era ainda maior. Cerca de 200 operários trabalhavam dia e noite para reformar a loja, com reinauguração prevista para o dia 31 de julho. A abertura é aguardada com ansiedade tanto pelos consumidores como pelo grupo St Marche, que comprou o Santa Maria da importadora de vinhos Expand no fim do ano passado. Os clientes esperam encontrar a mesma variedade de produtos sofisticados nas gôndolas do novo empreendimento e o St Marche quer marcar posição no setor de varejo. Com cinco lojas espalhadas em São Paulo, o Empório Santa Maria, a sexta do grupo, serve como ponta de lança para uma ambiciosa estratégia de expansão. “Investimos cerca de R$ 35 milhões em novas lojas nos últimos seis anos”, declara Victor Leal, sócio do negócio. “Em cinco anos abriremos mais 15 lojas com a nossa marca em São Paulo”, completa Bernardo de Ouro Preto, também à frente do grupo.

A nova proposta do Santa Maria é trazer ao consumidor um misto do conceito das lojas de bairro com sofisticação. “Não queremos apagar a tradição que o Empório Santa Maria conquistou no mercado”, explica Ouro Preto. Para unir essas duas estratégias, o grupo traz um conceito diferente. No mix de produtos, em vez de manter apenas artigos refinados, o grupo ampliou de três mil para 12 mil itens com diversas opções para o diaa- dia. Só na variedade de azeites, por exemplo, o consumidor encontra no local mais de 150 tipos, de países como França, Líbano, Grécia, Itália, Brasil, entre outros. “Os nossos preços estão de acordo com o mercado, não cobraremos mais caro do que os outros”, promete Ouro Preto. O objetivo é receber o mesmo volume de clientes que o grupo St Marche tem em seus outros pontos-de-venda – a empresa atende cerca de 150 mil clientes por ano. Além da variedade de produtos nas gôndolas, o grupo também investiu em segmentos como padaria, hortifrúti, rotisseria, açougue e confeitaria. “Queremos atender o consumidor em todas as ocasiões do cotidiano”, destaca Leal.O tradicional sushi bar e mais um restaurante com capacidade para 100 pessoas, ambos localizados no segundo andar, foram mantidos com algumas modificações. O restaurante, batizado como Vinoteca Santa Maria, traz mais de 100 opções de pratos. No mesmo local, o cliente encontra uma máquina de vinhos, na qual o cliente pode degustar 48 tipos diferentes de rótulos. Basta escolher o vinho, inserir um cartão da loja e posicionar a taça. Detalhe: o preço das doses varia de R$ 15 a R$ 150. Só na aquisição desta máquina, a primeira do Brasil, a empresa investiu R$ 300 mil. Ainda no segmento de bebidas, o antigo espaço da importadora Expand passou de 150 metros quadrados para 300 metros quadrados. Lá, o cliente pode escolher entre 1,8 mil rótulos de vinhos de 12 países. “Esse projeto é um laboratório que irá nortear o plano de expansão das lojas da Expand no

País”, revela Otávio Piva de Albuquerque, diretor-presidente da importadora. Apesar dos altos investimentos na ampliação do espaço, o movimento do St Marche ainda é visto com ressalvas. “Quando uma empresa aumenta o seu mix de produtos e a sua carteira de clientes, ela tem que tomar cuidado para não perder a qualidade no atendimento”, alerta Renato Alves, consultor de varejo da empresa Flemming Associados. “O cliente que vai a uma loja dessas quer ser bem tratado, ser chamado pelo nome. Se isso não acontece, corre-se o risco de ele não voltar.”