21/10/2011 - 21:00
Na roleta de perdas sem fim com a crise europeia, os novos dados no tabuleiro vêm sendo jogados pelos chamados países emergentes. Foram eles que estabeleceram o tom das conversas na última reunião do G-20, ocorrida há alguns dias em Paris. Saiu deles a discussão sobre o aumento ou não de recursos para o FMI. O Brasil diretamente cogita investir no Fundo como uma maneira de melhorar sua posição estratégica e prestígio na Instituição, após ter sido açoitado por ela por décadas. Deve anunciar ainda em novembro uma ajuda adicional, sem valor ainda definido. Age como rico que quer comandar a banca. Uma boa parte do Velho Continente torce de fato para que mais e mais candidatos coloquem o seu dinheiro no saco sem fundo do FMI.
O organismo, historicamente, faz barbeiragens com esses recursos. Erra sistematicamente nos diagnósticos e leva calotes homéricos dos devedores. Mas sempre há alguma economia dadivosa pensando em financiar a farra. Quem comanda o FMI hoje é a francesa Christine Lagarde, que já deu sinais de desprezo pela boa fase brasileira, que aponta o dedo para reclamar de uma suposta bolha de consumismo por aqui e que está, antes de tudo, atrás de mais verbas para salvar o seu continente. Não esconde de ninguém suas intenções. Quer arrastar as sobras dos que vão bem para a terra dos endividados crônicos. E nada irá demovê-la dessa cruzada, mesmo que isso signifique a derrocada do restante do planeta. Além do Brasil, Índia e China se prontificaram a ajudar e embarcaram no canto da sereia de que a capitalização do FMI é o melhor caminho.
Apresentam-se também como benfeitores de uma caridade perigosa. O risco de contágio está no ar. Seria melhor, nesse cenário, exigir compromissos firmes de que o retorno do crédito será garantido e alto. Países como Grécia, Itália e Espanha já falam em perdão internacional de parte de suas dívidas. É mero eufemismo para o calote. Pensando primeiro nos interesses internos, as autoridades brasileiras deveriam lembrar antes de tudo que o País ainda convive com necessidades básicas e que o precioso dinheiro que planejam entregar ao Fundo teria melhor uso aqui. As ambições de projeção nesse ambiente do FMI deveriam ser abandonadas ou jogadas para segundo plano.