29/01/2025 - 4:21
A União Europeia apresentou, nesta quarta-feira (29), a sua esperada “bússola da competitividade” para “reiniciar o motor de inovação europeu” e fazer com que as empresas do bloco recuperem a capacidade de competir com companhias dos Estados Unidos e da China.
O lançamento do programa foi pressionado pelos primeiros anúncios do presidente americano Donald Trump, sobre protecionismo e investimentos gigantescos em inteligência artificial (IA).
No setor digital e de IA, Estados Unidos e China dispararam em relação ao resto do mundo, enquanto o bloco europeu parece atolado e com o freio de mão puxado.
“Precisamos reiniciar o motor de inovação europeu”, disse a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, ao apresentar a estratégia que busca conciliar o fortalecimento da competitividade e as ambiciosas metas ambientais do bloco.
“Quero ser muito clara: a União Europeia está mantendo o curso para as metas do Pacto Verde, sem dúvida alguma”, disse Von der Leyen, observando que as metas ambientais da UE “estão gravadas em pedra”, mas que o bloco precisa ser “flexível e pragmático”.
As recomendações para uma revisão geral do funcionamento econômico do bloco surgiram no ano passado em dois relatórios detalhados dos italianos Enrico Letta e Mario Draghi.
As empresas europeias criticam que as leis aprovadas nos últimos anos e as metas climáticas do bloco definem um cenário marcado por uma regulamentação excessiva e altos custos de energia, além dos baixos investimentos.
Portanto, Von der Leyen enfatizou que esse novo plano não significa o abandono das metas ambientais do bloco.
O comissário europeu para Estratégia Industrial, Stéphane Séjourné, prometeu “um choque de simplificação” em termos de burocracia, que, no entanto, “não afetará as metas ambientais”.
Para a ONG ambiental Friends of the Earth, “sob o pretexto de ‘simplificação’, esta iniciativa desmantelará proteções essenciais para os cidadãos europeus, o meio ambiente e o clima”.
Enquanto isso, o dirigente da organização patronal BusinessEurope, Markus Beyrer, disse que o plano é “um sinal claro de que a UE está comprometida em reforçar sua economia”.
Uma das iniciativas é a criação de uma nova categoria para empresas de médio porte, que poderia beneficiar cerca de 30.000 companhias, com uma carga regulatória específica.
Também está previsto um regime jurídico em toda a Europa para permitir que as empresas inovadoras se beneficiem de “regras harmonizadas” sobre falência, direito trabalhista e questões tributárias.
A eclosão da guerra entre Rússia e Ucrânia privou a UE do fornecimento barato de gás russo, e as empresas agora precisam se adaptar aos altos custos de energia, que afetam gravemente sua competitividade.
Devido a isso, a UE tem como meta reduzir a dependência de combustíveis fósseis.
– Energia, economia e investimentos –
Em discurso no Fórum Econômico Mundial em Davos, há uma semana, Von der Leyen afirmou que o bloco deve “continuar diversificando o fornecimento de energia” e expandindo “as fontes limpas de geração”, incluindo a energia nuclear.
A proposta lançada nesta quarta-feira também sugere “ajudas específicas e simplificadas” para incentivar a descarbonização industrial.
Para reduzir sua dependência da China e de outros países em relação a terras raras e matérias-primas, Séjourné propôs que mais material seja extraído na Europa.
O alto funcionário disse que já recebeu 170 projetos de mineração, que muitas vezes enfrentam oposição local devido ao seu impacto ambiental, e prometeu facilitar a alocação de licenças.
A “bússola” da UE também propõe a criação de uma plataforma para a aquisição conjunta de matérias-primas essenciais e o desenvolvimento de parcerias internacionais para fortalecer as linhas de fornecimento de tecnologias verdes.
O bloco concluiu que seu mercado único continua fragmentado em setores como telecomunicações, energia e defesa, nos quais diferentes regras nacionais prejudicam a competitividade.
A unificação dos mercados de capitais europeus, que há muito tempo está paralisada por interesses nacionais conflitantes, também está no topo da agenda.
Embora a maior parte da UE se beneficie de uma moeda única, suas empresas emergentes ainda não conseguem se equiparar às gigantescas campanhas de arrecadação de fundos obtidas por seus concorrentes americanos.